Textos, estudos e músicas.

Mês: junho 2018 Page 2 of 19

O discípulo e a vontade de Deus

O DISCÍPULO E A VONTADE DE DEUS
(Texto Bíblico: Rom 12:1-2)

Deus deseja revelar a sua vontade a cada ser humano. Ele tem prazer em que andemos segundo o seu querer. Neste sentido ele tem tomado todas as providências para que conheçamos a sua vontade.
Há uma distinção importante quando se trata deste assunto: a vontade objetiva de Deus e a vontade permissiva de Deus. Há coisas que Deus determina em nossa vida pela sua vontade objetiva. Sempre são coisas positivas e boas. Por outro lado, há situações em nossas vidas que não constituem a vontade objetiva de Deus, mas a sua vontade permissiva, isto é, ele não planejou que fosse assim, mas permite que o seja em favor de seus propósitos eternos e sábios. Porém, Deus tem um compromisso de estar sempre conosco, dar-nos a sua graça e transformar as coisas em bênçãos para nós.

CONDIÇÕES PARA CONHECERMOS A VONTADE DE DEUS

1. Novo nascimento
O primeiro passo para a realização da vontade de Deus na vida de uma pessoa é que ela reconheça sua condição de pecadora e se torne nova criatura, pelo poder de Jesus Cristo. A Bíblia chama isto de novo nascimento. O novo nascimento é condição fundamental para vivermos a vida que agrada a Deus.

2. Percepção Espiritual
A Bíblia diz: “Ora o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discerne espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo…” (I Cor. 2: 14,15).

3.Vida Pura
Nossa comunhão com Deus se estabelece e se mantém a partir de uma vida pura e santificada. A Bíblia diz: “As vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouça” (Is 59:2). Logo, se a nossa vida está contaminada com o pecado, a comunhão com Deus fica bloqueada e a percepção espiritual prejudicada.

4. Disposição de Obediência
Deus não nos revela a sua vontade simplesmente para satisfazer a nossa curiosidade. Ele o faz para orientar a nossa vida. Por isso, para conhecer o que Deus quer, precisamos decidir antecipadamente que vamos ser obedientes ao que o Senhor nos revelar, não importa o preço que tenhamos de pagar. Isto sempre envolve uma significativa medida de fé e confiança na sabedoria de Deus.

RESULTADOS DE ESTARMOS NO CENTRO DA VONTADE DE DEUS

1. Paz
O desejo de Deus é que desfrutemos permanente e inabalável paz interior. Isto só é possível enquanto estamos dentro da vontade de Deus. Quando o crente peca ou decide de modo errado, a sua consciência é imediatamente incomodada pelo Espírito Santo. É uma espécie de alarme com que somos dotados na vida espiritual. O apóstolo Paulo ensina: “E a paz de Cristo, para a qual fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos” (Col 3:15).

2. Êxito
Deus deseja que seus filhos sejam bem sucedidos. A Bíblia está repleta de afirmações que expressam essa verdade (Sa. 1:3; Gen 39:3,23). Não agrada ao Senhor que sejamos fracassados. Mas, o sucesso depende de nossa obediência à voz do Espírito Santo. Não é prudente fechar os ouvidos ou anestesiar a consciência diante dos amorosos sussurros do Espírito de Deus em nossos corações.

3. Garantia
Não nos arriscaríamos a fazer a vontade de Deus se não tivéssemos as garantias de sua Palavra. Conhecemos o caráter de Deus (I Cor 1:9; Heb 10:23) e sabemos que ele não mente (Num 23:19), nem se esquece de seu compromisso conosco (Is 49:15). Quando somos obedientes, Deus assume toda a responsabilidade.

4. Convicção
Quando decidimos fazer a vontade de Deus sabemos que teremos de pagar um alto preço. Muitas pessoas vão discordar de nós, outras vão nos ridicularizar e seremos chamados de loucos ou alienados. Às vezes, seremos até perseguidos. Os resultados positivos de nossa obediência nem sempre surgirão de imediato. Para nos mantermos firmes precisamos de convicção – aquela certeza de que estamos fazendo o que devemos fazer, mesmo que tudo indique o contrário.
Nossas decisões não devem ser motivadas por interesses secundários, nem devem ser o resultado de pressões sociais ou constrangimentos pessoais. O único imperativo para nossas decisões há de ser a vontade sábia e soberana de Deus. Ele sabe o que é melhor para nós, porque nós só vemos até a próxima curva da estrada, mas Deus vê depois da curva, lá na frente, porque vê de cima, onde a perspectiva é perfeita.
O segredo de sermos felizes e desfrutarmos perfeita paz interior não são as circunstâncias que nos rodeiam, mas a certeza de que estamos exatamente no centro da vontade de Deus. Isto é o melhor da vida.

Neusa Rocha de Souza
Bel em Teologia

(Transcrito do livro: Maturidade Cristã da Junta de Missões Nacionais da CBB. Impresso pela Juerpe)

Avaliação da Visão G-12

Avaliação da “Visão G-12”
Wilbur (Gilberto) Norman Pickering, ThM PhD

Já fiz o encontro por aqui (DF), junto com meu pastor, sendo que as esposas fizeram simultaneamente em lugar separado. Por alto entendo o seguinte. No momento que várias igrejas andam fazendo “encontros”, é preciso lembrar que cada pastor traz sua própria bagagem pessoal, bem como o pacote doutrinário da sua igreja. Daí, fatalmente haverá diferenças entre um encontro e outro, diferenças de ênfase, grilos, em fim.
Aqui no DF têm havido “adaptações” por parte de uns e outros, de tal modo que há pouco houve um congresso aqui para tentar coibir os “desvios”; uma tentativa de levar todo mundo de volta à cartilha do Pr. Renê Terranova, de Manaus. Veio ele pessoalmente e ministrou durante dois dias e três noites. Eu mesmo assisti os dois dias e a última noite. Pois bem, julgo oportuno tecer algumas observações.

1) O conteúdo básico da “visão G-12” parece-me ser uma volta à Grande Comissão de Cristo – fazer discípulos. Como ninguém cresce sem nascer, é preciso ganhar as pessoas para Cristo, alicerçá-las, treiná-las e depois enviá-las. Até aí tudo bem – puro Evangelho do Reino.

2) Quanto ao “encontro” – o pecado é confrontado; é necessário arrependimento sincero. É preciso render-se ao Senhor Jesus Cristo. É preciso compromisso com Jesus e seu Reino. É preciso cortar quaisquer maldições que vêm do passado, bem como soltar rabos presos, resolver traumas antigos, etc. É preciso o “batismo no Espírito Santo”. Ora, estão convertendo os “crentes”! Para um “crente” que se converte de fato, fica livre dos pecados, das maldições e dos “rabos”, o encontro é mais do que tremendo. Sai pulando, leve. Com efeito, teve um encontro com Deus! Até aí, ótimo.

3) Infelizmente existem algumas coisas que preocupam, também. São poucos os homens que conseguem ouvir a voz de Deus com perfeição, e menos ainda que conseguem depois transmitir a mensagem sem mistura humana (quando não demoníaca). Comentarei o que eu mesmo presenciei, com ressalvas oriundas de notícias diferentes de encontros feitos por outros.

4) A questão do sigilo: no encontro que fiz o pastor anfitrião literalmente cobrou um juramento, com todas as letras [não fiz], e ainda amaldiçoou quem viesse a divulgar. Exatamente assim. No encontro que a esposa fez, falou-se em “pacto”, evitando a palavra “juramento”. Ouço dizer que em outros lugares são concitados ao sigilo em termos mais brandos. Mas, para que isso? Dizem que é para não criar expectativas nos que ainda não fizeram, para que não venham a se decepcionar, pois cada um deve ter seu próprio encontro com Deus, que pode ser diferente.
Bem, cobrar juramento esbarra numa proibição do Senhor Jesus. Em Mt. 5:34-37 Ele disse: “De maneira nenhuma jureis…. Seja o vosso “Sim” sim, e o vosso “Não” não; o que passar disto vem do maligno!” Com base na palavra do Senhor Jesus Cristo afirmo que aquele juramento foi satânico. Absolutamente não prestou; o efeito foi unicamente negativo. Sim, porque atrelar-se a qualquer coisa de procedência satânica traz sempre conseqüências negativas – pergunte a Adão e Eva. Aliás, no meu entender cada pessoa que prestou aquele juramento deu base legal a Satanás para atuar na sua vida, o que não é negócio.
Mas, e se foi só um “pacto”. Para quê? Em Mt. 10:27 o Senhor Jesus disse, “O que vos digo no escuro, dizei-o na luz, e o que escutais ao ouvido, pregai-o sobre os telhados.” O contexto foi outro, claro, mas para que o sigilo? Se é coisa boa porque não falar? Se é coisa ruim seria uma camaradagem alertar o interessado. Se a idéia for de criar curiosidade, armando uma armadilha para pegar no pé da pessoa antes que desconfie do propósito verdadeiro…. Será que o “marketing” dos homens serve para o Reino de Deus?
Parece-me totalmente desaconselhável essa tática de sigilo. Havendo testemunhos sinceros daquilo que Deus fez nas vidas, os interessados irão, sem correr o risco de comer gato por lebre. Basta insistir que cada um tem que ter seu próprio encontro com Deus, que será travado a partir da realidade espiritual de cada qual. Agora vejam, abrir mão da tática do sigilo em nada vai comprometer os objetivos legítimos dos encontros; pelo contrário, deve até aumentar os resultados positivos, e principalmente a longo prazo.

5) Achei que havia muita manipulação, incitando as pessoas a uma certa animação física e emocional. Levei a impressão, talvez equivocada, de que era preciso simular, ao menos, uma aparência de “unção”. É que foi dito que os princípios que norteiam a “visão” e o “encontro” nada mais são do que as coisas que o Senhor Jesus mandou fazer (o que é verdade) e portanto o que torna o encontro em si necessário é a unção que se recebe unicamente no encontro (você não recebe sozinho). Epa! Espera aí! Será mesmo? Ora, o Espírito Santo é soberano – será que Ele tem que ungir só porque alguém organiza encontro? (Fazendo justiça, parece-me que há bastante oração antes e durante o encontro, visando a benção de Deus.) E será que Ele não pode ungir ninguém a não ser através do Pr. Renê, ou então o Pr. César?
Ouvi o Pr. Renê Terranova dizer que só pode transmitir a unção quem recebeu a chave para tal efeito, e essa chave é ele que dá, ou alguém a quem ele deu. Parece-me que se baseia, pelo menos em parte, numa tradução inadequada de Mt. 18:18. A versão Corrigida e a Contemporânea trazem, equivocadamente, “tudo o que ligardes na terra, será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra, será desligado no céu.” Dá a idéia de que nós estamos mandando em Deus; se Pr. Renê desliga aqui então Deus é obrigado a abonar. A versão Atualizada e a NVI trazem corretamente, “tudo o que ligardes na terra, terá sido ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra, terá sido desligado no céu.” Terá sido – é Deus que manda em nós; aplicamos aqui o que já se fez no Céu.

6) Acabo de triscar no aspecto mais perigoso, ao meu ver, da “Visão G-12”. É que a “visão” tem dono, e esse dono não é Jesus. É o Pr. Renê Terranova em Manaus, ou eventualmente o Pr. César Castellanos na Colômbia. Ouvi o Pr. Renê insistir várias vezes na necessidade de se seguir a cartilha dele, à risca. Mesmo admitindo, como admito, que Pr. Renê ouviu a voz de Deus, isso não significa que ele ouviu com perfeição. Com toda certeza, afirmo sem medo de errar, Pr. Renê não transmitiu com perfeição – há muita mistura do homem. E talvez do inimigo – achei o Pr. Renê um tanto soberbo, mas em vários lugares o Texto Sagrado afirma que Deus resiste ao soberbo; se Deus está resistindo alguém, como fica a proteção desse alguém contra as investidas do inimigo? Depois, quem compactuar com qualquer engano está facilitando.
Em Mt. 23:9-10 o Senhor Jesus foi taxativo: não se deve chamar ninguém na terra de ‘pai’ (espiritual, não físico) e nem de mestre/discipulador. No NT não há exemplo de um cristão chamar outro de seu discípulo – mesmo em 1 Cor. 3:4 Paulo parece evitar o termo. No entanto Pr. Renê insistiu fortemente na necessidade de liderança única em qualquer nível – a célula tem que ter um líder, a igreja tem que ter um líder, uma região idem, e a visão toda idem. Insistiu em que ninguém escolhe ser pastor – é vocação, escolha divina. E portanto só pastor pode pregar, diácono não (ele é batista). Como prova citou o caso de Estevão: por ser diácono ele não podia pregar, mas teimou e por isso foi morto. Foi exatamente assim que o homem se expressou. Bem, vamos ao Texto Sagrado – será que foi assim? Atos 6:5 diz, “Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo.” Atos 6:9, “Levantaram alguns…da Celícia e da Ásia, e discutiam com Estevão.” Está Estevão pregando na igreja? Ele foi abordado e respondeu. Atos 6:10, “Mas não podiam resistir à sabedoria e ao espírito com que ele falava.” Estaria Estevão pecando, cheio do Espírito? O discurso no capítulo sete foi sua defesa perante o Sinédrio, e não um sermão. Mas Atos 6:15 diz que o Sinédrio viu o seu rosto “como o rosto de um anjo” – teria sido porque Estevão estava pecando? Foi porque pregou (usurpando a função de pastor) que morreu? Atos 7:55-56 — “Mas ele, cheio do Espírito Santo,…disse: Olhai! Eu vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à direita de Deus.” O Senhor Jesus ficou em pé para receber o “mero” diácono que ousou pregar! O mal uso que Pr. Renê fez de Estevão me leva a comentar outro fator preocupante.

7) As pessoas ligadas ao movimento costumam fazer uso improcedente da Bíblia. Além do caso de Estevão, Pr. Renê citou o apóstolo Pedro como mau exemplo. A partir de Atos 10:17, em vez de Pedro meditar ou estar perplexo, a versão Corrigida tem ele “duvidando” (tradução inadequada), e daí o pregador afirmou que Pedro perdeu a visão e a benção – não duvidasse teria segurado a visão e o lençol não teria voltado para o céu (assim mesmo). Se segurasse a visão teria alcançado as nações, mas não, perdeu. Aí concitou os ouvintes a segurar a visão G-12, pois caso contrário perderiam, etc.
E porque grupos de doze, exatamente, nem mais nem menos? Porque o número doze é bíblico – 12 tribos, 12 apóstolos. Mas, e daí? Existe algum registro no sentido de que qualquer um dos doze (onze) apóstolos preparou exatamente doze discípulos? Que eu saiba, não. Então, Paulo foi um fracasso porque não formou um grupo de 12? E porque um encontro de três dias? Porque o número três é bíblico – a Trindade, Jesus no sepulcro, Jonas no estômago, etc. Vejam bem, nada tenho contra os números doze e três. Se alguém quer fazer doze discípulos, ótimo. Um encontro de três dias, jóia! Se Deus mandou Pr. César fazer assim, então basta dizer que Deus mandou ele fazer assim.
Durante o encontro foi enfatizado a “unção da multiplicação”. A base bíblica citada foi Isa. 60:22, “O menor virá a ser mil, e o menino uma poderosa nação.” Então afirmou-se que ao receber essa unção cada um iria ganhar pelo menos mil almas. Um pastor presente tinha recebido a “chave”, foi lhe outorgado (em Manaus, parece) a autoridade para repassar ou impetrar essa unção. E assim fez. Agora é pagar para ver. Mas voltando a Isaías, parece-me que o capítulo 60 inteiro versa sobre o Milênio, mas os versos 19-22 com certeza. Qualquer homem que começar o milênio casado, mesmo com pouco esforço, terá mais que mil descendentes durante os mil anos, tranqüilo. Um outro mais afoito gera uma nação.
Durante o congresso, cada dia e cada noite (cinco vezes, portanto), o Pr. Renê levantou uma oferta, citando Deut. 16:16 como base bíblica para o procedimento. “Ninguém aparecerá de mãos vazias perante o SENHOR.” E Pr. Renê é o SENHOR? Ele não leu o verso todo, que começa assim: “Três vezes no ano, todos os teus varões aparecerão perante o SENHOR teu Deus, no lugar que escolher…” Só que ele concitou as mulheres também, e quem não ofertasse estava abrindo mão da bênção de Deus. Aliás, a prosperidade material foi um refrão, tanto no encontro como no congresso.
Poucos textos citados e usados pelos palestrantes do encontro foram utilizados respeitando o contexto bíblico. Parece que o pessoal não sabe como interpretar a Bíblia (e pelo já exposto, o Pr. Renê também não sabe); aliás, eu diria ser uma fraqueza generalizada nos meios “evangélicos” do país. Se existe sequer um seminário teológico no país que ensina como fazer exegese responsável do Texto (grego ou hebraico), que realmente leva o Texto Sagrado a sério, gostaria que alguém me informasse qual é.

8) Não vou me delongar com detalhes outros: gostei do silêncio perante Deus; não gostei da música incessante; gostei da atitude de servir do pessoal de apoio; não gostei da atmosfera de campo de concentração (quase). Muita ênfase foi dada aos pecados de sexo, talvez mais do que todos os outros juntos. A “cura interior” achei detalhada demais – parecia que queriam citar nominalmente cada problema possivelmente possível. Fomos convidados a imaginar o esperma do pai atingindo o óvulo da mãe – para quê? Agora, pedir ao Espírito Santo trazer à tona quaisquer traumas escondidos na subconsciência – isso sim. O “batismo no Espírito” foi tratado de forma neo-pentecostal. Deu-se mais ênfase ao dom de línguas do que todos os outros juntos.

9) Objeções improcedentes: negar o fato de maldições hereditárias e negar o fato dos dons carismáticos. É comum citar 2 Cor. 5:17 para combater a idéia de crentes com maldições hereditárias. “Tudo se fez novo; as coisas velhas já passaram.” Taí! Maldições hereditárias obviamente são “coisas velhas”, passaram; acabou. Só vejo um pequeno problema – NÃO FUNCIONA – pelo menos não imediatamente, automaticamente. Aliás, nenhum benefício do sangue derramado do Cordeiro de Deus é automático! Jesus morreu por todos; todos se salvam? A vitória de Cristo oferece cura; crente nunca fica doente? “Tudo se fez novo”; você tem corpo novo? Nada de dor, ruga, cansaço, limitação? Obviamente “tudo” não se faz novo, imediata ou automaticamente. Do ponto de vista de Deus, que vê o fim da história, sim; para nós cá em baixo, não. A vida cristã é um processo. Continuamos sofrendo as conseqüências dos nossos pecados, e dos pecados dos outros. Existe remédio, mas é preciso fazer uso dele – remédio que fica na prateleira não resolve. As maldições hereditárias existem, com toda certeza, para crente também. É necessário cortá-las, uma por uma.
Alegar que os dons carismáticos cessaram quando a última pá de terra bateu no caixão do Apóstolo João é uma mentira histórica. Basta ler os escritos dos cristãos dos primeiros séculos da era cristã, como eu já li. Os dons ainda funcionaram durante o 2º século, o 3º século, o 4º século (aí parei de ler). Aqueles autores todos estavam mentindo? Para quê? Então os dons não cessaram. 1 Cor. 13:12 deixa claro que “o perfeito” do v. 10 tem a ver com a 2ª vinda de Cristo – é só então que veremos face a face (1 Jo. 3:2). Associar “o perfeito” com o cânon completo é insustentável (como posso demonstrar ao interessado). Após inspirar três capítulos seguidos sobre a matéria o Espírito Santo encerra a questão em 1 Cor. 14:39 – “procurai com zelo profetizar, e não proibais o falar em línguas.” Proibir línguas é um desacato ao Espírito Santo. Colocar línguas acima dos demais dons é outro desacato.

10. Conseqüências: tenho ouvido falar de coisas boas, como também de coisas ruins. Se o encontro é tremendo então as coisas boas são exatamente as esperadas. Amém. Mas coisas ruins? Já ouvi falar (não conheço pessoalmente) de pessoas adulterando agora que não adulteravam antes; de quem adulterava antes e continua; de quem entrou em depressão que antes estava bom; de vários que ficaram doentes que antes gozavam de saúde. Eu mesmo senti um peso espiritual durante pelo menos duas semanas. O Pr. Renê abordou a questão: na opinião dele o problema está na falta de conduzir o pós-encontro adequadamente. É que (na palavra dele próprio) durante o encontro sete áreas da vida das pessoas ficam abertas e é no pós-encontro que essas sete áreas devem ser fechadas. Ai, ai, ai! Eu mesmo não fiz o pós-encontro porque ninguém me avisou quando ou aonde – aliás, nem sei se aconteceu. E como ficam minhas sete áreas, abertas ao inimigo até hoje?
Creio não ser necessário insistir – estamos diante de uma questão bastante séria. Presumivelmente as áreas são abertas durante o encontro para facilitar a ação do Espírito Santo nelas. Eles disseram abertamente que não havia perigo de atuação maligna naquele ambiente [ledo engano – parece que não entendem muito de guerra espiritual, embora falem bastante a esse respeito]. Mas, e depois de sair do ambiente? A proteção continua? Como? Então quem não fizer o pós-encontro está frito! E as pessoas foram alertadas adequadamente a respeito do perigo que estavam correndo?
Está na hora de parar e pensar. Por uma questão de consideração básica, lealdade e justiça, as pessoas devem ser claramente orientadas a respeito de qualquer procedimento semelhante. Depois de tratar uma área, deve ser fechada imediatamente, ou no mínimo antes de sair do local. Mas, como exatamente funciona esse negócio de abrir e fechar áreas? Não sei, pois se está na Bíblia não reconheci ainda. Mas se não está na Bíblia, de onde vem? Parece-me que o espiritismo tem esse expediente de abrir e fechar áreas, abrir e fechar o corpo, etc. Se alguém tem base bíblica para o procedimento gostaria que me informasse. Quero aprender.

11) Cautela: em qualquer empreendimento, e principalmente em prol do Reino de Cristo, é aconselhável levar em consideração a índole do povo e sua cultura. Nosso povo é muito imediatista; gosta das coisas fáceis, bênção sem esforço, etc. Mas o discipulado verdadeiro tem preço. A salvação vem para nós de graça – isto é, ninguém merece, ninguém pode comprar. Andar com Deus custa tudo. E depois, quem vai ser discipulador? Você não pode repassar o que você não tem. Se os discipuladores não forem adequadamente preparados, a proliferação rápida de células levará ao desmoronamento da coisa. A “sopa” ficará cada vez mais rala; o feijão terá cada vez mais água e menos caroço.

12) Conclusão: O retorno às necessidades bíblicas de confronto com o pecado, arrependimento sincero, compromisso com o Senhor Jesus e seu Reino, discipulado sério em fim, é mais do que bem vindo. Chega tarde. A ênfase na libertação de maldições, “rabos”, traumas e pesos, é deveras necessária. Pena que nem todos os ministrantes entendem adequadamente do assunto, mas pelo menos estão tentando.
Um modelo autoritário, tipo pirâmide, é condenável – o Senhor Jesus proibiu. A tendência da “visão G-12”, como conduzida pelo Pr. Renê Terranova, será a criação de uma nova denominação dominada por ele. Mas como o Pr. Renê não sabe interpretar a Bíblia, não há como ele estar subordinado a ela. Claro, como no caso de Estevão já citado – ele vai seguir suas próprias idéias erradas e não o que o Texto realmente diz. Como já está acontecendo, dele emanarão diretrizes espúrias, coisas improcedentes, não-bíblicas, quando não anti-bíblicas. Quem embarcar na canoa dele estará embarcando numa canoa furada. Quem viver, verá.
E agora, que fazer? Creio que devemos resgatar exatamente as necessidades e ênfases de fato bíblicas, fazer como o Senhor Jesus mandou fazer. Cada igreja, ou grupo de igrejas, deve adaptar a visão para seu próprio gasto, rejeitando as idéias malignas e prejudiciais que já se infiltraram na coisa. Como já disse, aquele juramento de sigilo é satânico – cada pessoa que fez deve pedir perdão a Deus e rechaçar a fortaleza que o inimigo conseguiu na vida através disso. Abrir áreas sem fechar imediatamente é colaborar com ele, também. Comunhão e troca de idéias, incentivo mútuo, etc. entre as igrejas é muito desejável (sem pirâmide). Dessa forma poderá haver um consenso em torno do essencial, para o bem do Reino e para a glória de Deus.
Que Deus nos ajude e abençoe a todos.

Dr. Gilberto Pickering
Brasília, 03 de março de 2000

Virtudes bíblicas para orar por seu filho

31 Virtudes Bíblicas para Orar pelos Seus Filhos

Por: Bob Hostetler

Por muitos anos, como qualquer pai cristão responsável, eu orava diariamente pelos meus dois filhos, Aubrey e Aaron. Orava por benção e proteção do Senhor ao longo de suas vidas. Orava para que fossem felizes, para que Deus os guiasse através de tempos difíceis e que os instruísse a fazer boas escolhas. Minhas orações eram regulares, vindas do coração, e, na sua maior parte, corriqueiras.
Eu queria o bem de meus filhos, mas quando ajoelhava em oração invariavelmente chegava aos mesmos e repetidos pedidos. Um dia, Nancy, mulher de nosso pastor, compartilhou no culto matutino que o seu desejo de ver seus filhos desenvolverem de forma consistente frutos morais e espirituais levou-a a criar uma lista determinada de temas para oração.
Naquele dia resolvi seguir o exemplo de Nancy e desenvolver eu mesmo um “roteiro de oração para pais”, simples, prático, mas que revolucionou minha maneira de orar pelas crianças. Cada dia do mês, além de meus pedidos por sua segurança e assuntos cotidianos, eu peço por uma virtude, fruto do Espírito ou traço de caráter específicos que desejo ver plantados e alimentados em meus filhos, seja pelo meu empenho e de minha esposa, seja por influência de outros ou por decisão própria de Aubrey e Aaron. Ao final de cada mês começo a orar pela lista novamente.
Discrimino a seguir minha lista, embasada em referências bíblicas. Sinta-se à vontade para copiar ou incrementá-la. Que ela possa ajudá-lo a orar especificamente e com propósito pelos seus filhos.
1. Salvação – Senhor, permita que a salvação brote no coração de meus filhos, que eles possam obter a salvação que está em Cristo Jesus, com glória eterna. (Is 45:8, 2Tm 2:10)
2. Crescimento na Graça – Oro para que meus filhos cresçam na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. (2Pe 3:18)
3. Amor – Permita, ó Deus, que meus filhos aprendam a viver uma vida de amor, através de Espírito que neles habita. (Gl 5:25, Ef 5:2)
4. Honestidade e retidão – Que a honestidade e a retidão sejam suas virtudes e sua proteção. (Sl 25:21)
5. Domínio próprio – Pai, ajude meus filhos a não serem como muitos outros em volta deles, mas permita que possam ser sóbrios e ter domínio próprio em tudo que fizerem. (1Ts 5:6)
6. Amor pela Palavra de Deus – Que meus filhos possam crescer e descobrir que Tua palavra é mais preciosa que o ouro puro e mais doce que os favos de mel. (Sl 19:10)
7. Justiça – Senhor, guie meus filhos para amar a justiça assim como tu a amas e para agir com justiça e tudo que fizerem. (Sl 11:7, Mq 6:8)
8. Misericórdia – Que meus filhos sempre sejam misericordiosos, tal como nosso Pai celestial. (Lc 6:36)
9. Respeito (por si mesmos, pelos outros e pelas autoridades) – Pai, que meus filhos possam prestar o devido respeito a todos, como a sua Palavra ensina. (1Pe 2:17)
10. Auto-estima bíblica – Que meus filhos possam desenvolver uma sólida auto-estima que se baseie no entendimento que eles são obras das mãos de Deus criados em Cristo Jesus. (Ef 2:10)
11. Fidelidade – Que o amor e a fidelidade nunca se apartem de meus filhos, mas que essas virtudes gêmeas sejam atadas ao redor de seus pescoços e escritas na tábua do seu coração. (Pv 3:3)
12. Coragem – Que meus filhos sejam sempre fortes e corajosos em seu caráter e em suas ações.
(Dt 31:6)
13. Pureza – Crie neles um coração puro, ó Deus, e que esta pureza de coração seja manifesta em suas ações. (Sl 51:10)
14. Gentileza – Senhor, que meus filhos sempre procurem ser gentis um com o outro e com as demais pessoas. (1Ts 5:15)
15. Generosidade – Permita que meus filhos sejam generosos e desejosos em repartir, e assim acumulem tesouros para si mesmos, um firme fundamento para a era que há de vir. (1Tm 6:18-19)
16. Amantes da Paz – Deus de paz, ajude meus filhos para que façam todo esforço naquilo que conduz à paz. (Rm 14:19)
17. Alegria – Que os meus filhos sejam cheios da alegria que é dada pelo Espírito Santo. (1Ts 1:6)
18. Perseverança – Senhor, ensine meus filhos a serem perseverantes em tudo que fazerem, e ajude-os a perseverar especialmente para correr a carreira que lhes está proposta. (Hb 12:1)
19. Mansidão – Deus, por favor cultive em meus filhos a habilidade de demonstrar verdadeira mansidão para com todos. (Tt 3:2)
20. Compaixão – Senhor, por favor revista meus filhos com a virtude da compaixão. (Cl 3:12)
21. Responsabilidade – Permita que meus filhos desenvolvam responsabilidade, e cada um saiba carregar sua própria carga. (Gl 6:5)
22. Contentamento – Pai, ensine meus filhos a estarem contentes em toda e qualquer situação, por meio de Jesus, que lhes fortalece. (Fp 4:12-13)
23. Fé – Oro para que a fé brote e cresça no coração dos meus filhos, e que por ela alcancem o que lhes foi prometido. (Lc 17:5-6, Hb 11:1-40)
24. Um coração de Servos – Senhor, por favor ajude meus filhos a desenvolver um coração de servos, como se servissem ao Senhor e não aos homens. (Ef 6:7)
25. Esperança – Ó Deus de Esperança, permita que meus filhos possam transbordar de esperança no poder do Espírito Santo. (Rm 15:13)
26. Habilidade e vontade para o trabalho – Ensine meus filhos, ó Senhor, a valorizar o trabalho e a trabalhar com todo os seus corações, como se fazendo para o Senhor e não para homens. (Cl 3:23)
27. Paixão por Deus – Senhor, crie em meus filhos uma alma que se apega a ti, que se agarra apaixonadamente a ti. (Sl 63:8)
28. Disciplina – Pai, oro para que meus filhos adquiram uma vida disciplinada e prudente, fazendo sempre o que é justo, direito e correto. (Pv 1:3)
29. Prática de oração – Permita, Senhor, que meus filhos tenham uma vida marcada pela prática de oração, que eles aprendam a orar em todo o tempo no Espírito com todo tipo de orações e súplicas. (Ef 6:18)
30. Gratidão – Ajude que meus filhos vivam suas vidas transbordando em gratidão e sempre dando graças a Deus Pai em todas as coisas, em nome de Jesus Cristo. (Ef 5:20, Cl 2:7)
31. Coração para Missões – Senhor, por favor ajude meus filhos a desenvolver o desejo de ver a sua glória declarada entre as nações, e seus maravilhosos feitos entre todos os povos. (Sl 2:8, 96:3)
Depois de muitas semanas orando com essa lista pelos meus filhos, descobri um benefício adicional em meu programa de oração: quando orava junto com meus filhos a cada noite o Senhor me lembrava o tópico da lista sobre o qual havia orado pela manhã, assim repetia o pedido aos ouvidos de Aubrey e Aaron. Passado um tempo, eles começaram a ecoar meus pedidos, deixando fruir de sues corações as orações por virtudes e qualidades que eu desejava ver neles. Logo, o meu singelo roteiro de oração não havia mudado somente a maneira como eu orava, mas igualmente a oração de meus filhos, e, pela graça de Deus, a nossa vida também.

Sobre o Autor
Bob Hostetler é autor do premiado “Don’t Check Your Brains at the Door” (com Josh McDowell), e de “They Call me A.W.O.L.” Ele vive em Oxford, Ohio, com sua mulher, Robin, e dois filhos.

Treinamento para professores da EBD

TREINAMENTO PARA PROFESSORES DA ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL – EBD

O professor da Escola Bíblica Dominical, deve estar preparado para o exercício de uma das mais nobres virtudes do ser humano em todo o tempo, que é o de ensinar. Em todo o mundo milhões e milhões de dólares são gastos todos os anos com o ensino e com a formação de novos professores. Na Igreja de Cristo não devia ser diferente, contudo não vemos a mesma ênfase que o mundo dá aos seus mestres, dentro de nossas igrejas.
Para o bom desempenho do professor da Escola Bíblica Dominical é preciso que ele esteja preparado para ensinar, pronto para discipular e pronto a exercer a liderança no grupo.
Durante o treinamento vamos abordar os temas a seguir enumerados como: “O Discipulado na E.B.D.”, “A Dicotomia Entre o Formado e o Leigo na E.B.D.” e “O Que é Preciso Para se Ter Uma Liderança Eficaz”.

1. ENSINO

Ensinar é uma das missões da igreja. Muitas igrejas se acham anêmicas espiritualmente porque não tem dado ênfase ao estudo da Palavra de Deus. Por falta de Profeta o povo se corrompe. O crente que não conhece a Bíblia está propenso a deixar-se levar por qualquer vento de doutrina que passa. O apóstolo Paulo tinha grande preocupação com relação a questão do ensino. Em Romanos 12:7, ele chamou a atenção escrevendo: “Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar haja dedicação ao ensino”.

1.1 Ministério da Educação Cristã

O ministério da educação cristã está associado com o ensino da Palavra de Deus no seio da igreja. Deste modo, é preciso que se tenha obreiros devidamente preparados e treinados para o exercício deste ministério. Muitas igrejas não tem dado o devido apoio a aqueles que tem se dedicado a Educação Cristã, contudo tem incorrido em uma falta muito grande, que é estar omissa as necessidades espirituais de seus membros.

1.2 Escola Bíblica Dominical

A Escola Bíblica Dominical tem como meta o ensino da Palavra de Deus. Ultimamente temos visto e ouvido de muito descaso nesta área por parte de algumas denominações. Preocupados com o esvaziamento da escola bíblica, muitos grupos tem conclamado congressos e simpósios para tratar do assunto, com vistas a ter-se uma sensível melhora nesta área. Sabemos que os problemas na área da Escola Bíblica Dominical são muitos e envolvem muitas questões. A freqüência à escola dominical tem caído muito nos últimos anos e de acordo com os dados estatísticos, se acha em torno de 50 a 60% de freqüentadores assíduos. A qualidade do ensino tem caído quase na mesma proporção. É preciso motivar as pessoas para que realmente sintam necessidades da busca de conhecimento da Palavra. Devemos dar prioridade ao ensino bíblico em nossas igrejas. Há igrejas evangélicas que tem substituído os assuntos inerentes a Bíblica por assuntos seculares, o que tem se tornado em instrumento de desmotivação de parte considerável dos membros, que preferem unicamente o estudo da Palavra.

1.3 Escola de Treinamento de Professores

Deve ser dado ênfase ao treinamento de pessoas vocacionadas para o ministério do ensino, oferecendo-lhes condições favoráveis para o seu devido preparo. A igreja, deve encaminhar os seus candidatos as Faculdades Teológicas para melhor se prepararem para exercerem esse ministério. Devemos ajudar a todos os irmãos que tem colocado suas vidas à disposição do Senhor, ingressando em uma Faculdade para se preparar, para melhor servir a causa do Mestre. Devemos colocá-los diante de Deus em nossas orações e ajudá-los financeiramente se necessário for. A Igreja, deve então, disponibilizar recursos de seu orçamento para a formação de novos Bacharéis em Teologia, não somente em Ministério Pastoral ou em Missões, mas também e principalmente em Ministério de Educação Cristã. Uma vez completado o curso teológico, o novo Bacharel em Educação Cristã, estará apto e credenciado para dar início ao seu ministério de ensinar a Palavra de Deus.

1.4 Unidade no Corpo de Cristo

A união ou comunhão na igreja é primordial, pelo que Jesus rogou ao Pai, dizendo: “… Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim e que os tens amado a eles como me tens amado a mim (João 17:21-23). Este é o grande ensino de Jesus acerca da comunhão e esta deve ser a grande meta da igreja de Jesus. Só há uma maneira do mundo crer que Deus enviou Jesus, se formos um com Ele, assim como Ele é um com o Pai. Só há uma maneira do mundo conhecer que Deus enviou a Jesus, se Jesus estiver em nós, assim como o Pai está em Jesus, se formos perfeitos em unidade, assim como Jesus é perfeito em unidade com o Pai. A comunhão na igreja começa na Escola Bíblica Dominical. É nela que os membros tem a oportunidade de aprender sobre a Palavra de Deus e participar com perguntas e colocações que enriquecem a todos. É o local apropriado para o membro expressar todas as suas dúvidas e todos os seus questionamentos colocando-os para fora. E, é acima de tudo, o local ideal para o exercício do discipulado.

1.5 Assessoramento do Pastor

O pastor é o líder da igreja e como tal deve ter uma vida exemplar diante de Deus e dos homens, de modo que a igreja possa ver em seu pastor um exemplo de servo de Cristo. Ele deve estar pronto para treinar, equipar e discipular os santos para melhor servirem a causa de Deus. O pastor deve ser paciente, longânimo, amoroso, e acima de tudo preparado para ensinar, exortar e edificar a igreja em Cristo. Deve ter participação ativa no ensino da Palavra de Deus, quer seja na Escola Bíblica Dominical ou no Púlpito. De modo que o ensino seja relevante em todos os seguimentos na vida da igreja.
O pastor deve ter presença assídua na E.B.D., de modo a estar pronto para auxiliar os professores a esclarecerem dúvidas principalmente as ligadas as doutrinas cristãs etc. Como ele não pode estar em todas as classes da E.B.D. ao mesmo tempo, deve programar-se de modo que possa visitar, em cada domingo uma determinada classe da E.B.D. Assim, o pastor estará dando toda assistência as ovelhas do rebanho, seja em qual for a situação. “Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente; cante louvores. Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da Igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará, e se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.” (Tiago 5:13-15). Este texto, dá indicação bastante clara do modo como a igreja, como toda deve se conduzir, mas principalmente os líderes e aí se inclui o pastor.

Augusto Bello de Souza Filho
Bacharel em Teologia

O trabalho eclesiástico e o trabalho da igreja

O TRABALHO ECLESIÁSTICO E O TRABALHO DA IGREJA

Tradicionalmente, o Pastor é o ministro da igreja. Ele tem uma gama de atividades para desempenhar dentro do exercício de seu ministério. No entanto, sabemos que é impossível ao Pastor ter um desempenho eficiente, ä frente da igreja.
Com raras exceções, diríamos que é possível administrar-se bem igrejas de pequeno porte. É evidente que existem dinâmicas diferentes em cada caso, e até mesmo pastores com perfis distintos, assim: um pastor poderá ter sucesso, administrando uma pequena igreja, enquanto que outros não teriam. Ainda assim, diríamos que o pastor deve ter o seu ministério compartilhado com outros membros da igreja, independentemente do porte desta igreja.
Para tanto, o pastor deve ser o líder que planeja as atividades na igreja, discipulando, treinando, e supervisionando os serviços dos membros que o ajudam no desempenho do seu ministério.
De acordo com a conclusão a que chegou o pastor Richard C. Halverson, após observar a sua igreja: existe distinção entre o trabalho eclesiástico e o trabalho da igreja. Passou então a pregar que cada crente é um ministro de Deus. Ainda assim, sua igreja não teria atividades nem para dez por cento de todos os seus membros.
O trabalho da igreja deve ser ampliado de modo que tenha como objetivo atingir o mundo sem Cristo. Já o trabalho eclesiástico deve estar limitado ao que for necessário para a boa condução das atividades primordiais.
Há igrejas que formam uma estrutura tão secularizada que mais parece uma empresa. A igreja que fica limitada às quatro paredes, não cresce, porque ela não faz, e as vezes não crê em missões, não evangeliza e não envia. É uma igreja egoísta, que só pensa em sua própria sobrevivência, descansando ä sombra da aboboreira como fez Jonas.
Aliás, existem muitas igrejas deste tipo. Não obedecem ao mandado de Jesus, e se sentem melhor quando estão distantes do campo. Muitas acham que não vale a pena pregar aos ímpios, porque pensam que o melhor é que sejam destruídos por Deus, em vez de alegrar-se com a possibilidade da conversão dos homens perdidos.
Ainda existe muita discriminação em nossas igrejas, quanto a pregação do evangelho ä prostitutas, ladrões, assaltantes, mendigos, drogados, aidéticos etc. Muitos vezes pessoas deste tipo são discriminadas quando chegam ä igreja. A maioria do membros se afastam delas, não compartilhando comunhão e não colaborando para o discipulado, porque preferem estar distantes. Por outro lado, muitos crentes tem se manifestado preocupados quanto aos novos convertidos, uma vez que ao chegar ä igreja, encontram um ambiente muito diferente do que se desejava que ele encontrasse. São escândalos e mais escândalos, falta de decência e ordem, má condução na obra de Deus, atitudes similares às do mundo etc, tem afastado muitos crentes novos.
Não existe envolvimento da igreja com as comunidades. A igreja continua muito distante da comunidade. Não existe nenhuma interação entre a igreja e a comunidade onde ela se localiza, principalmente nas capitais e cidades maiores. Nas cidades menores no interior do país, se observa maior participação da igreja no cotidiano da comunidade.
A igreja está deixando muito a desejar, com relação ao testemunho que deve dar diante do mundo com luz deste mesmo mundo e sal da terra, principalmente fazendo o bem a todos (Gal. 6:10). A missão da igreja como corpo de Cristo, é dar-se pelos perdidos, assim como Cristo deu-se por esta mesma igreja, que Ele adquiriu derramando a sua vida na morte e morte de cruz.
Todos os cristãos são ministros. Todos se fazem pescadores de homens em Cristo Jesus. Isto significa que os cristãos devem estar de contínuo pescando.
Os pastores devem ter a função de treinadores e discipuladores para que os crentes se equipem e se tornem autênticos ministros do evangelho para a conquista do mundo. Para tanto é preciso que as igrejas apoiem os ministros que são enviados, como apoiam os oficiais que atuam na igreja. Porque a Escritura diz: Todo aquele que invocar o nome do Senhor não será confundido (Rom 10:11). Como pois invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam a paz, dos que anunciam coisas boas! (Rom. 10:13-15). Que a Igreja de Cristo se renove a cada dia no conhecimento e sabedoria de Deus para alcançar o mundo..

Augusto Bello de Souza Filho
Bacharel em Teologia

Tomás de Aquino

TOMÁS DE AQUINO

INTRODUÇÃO

Tomaz de Aquino, filósofo e doutor da Igreja, nasceu no castelo Rocasseca, na Campânia, perto de Aquino, na estrada de Roma para Nápoles, por volta de 1224, de nobre estirpe italiana, de família feudal dos condes de Aquino. Era unido pelos laços de sangue a família imperial e às famílias reais de França, Sicília e Aragão. Seu pai o ofereceu como oblato, em 1230, na abadia de Monte Cassino. Todos os seus irmãos e irmãs chegaram a ocupar altas posições na sociedade italiana da época. Para Tomás, o mais jovem, os pais tinham escolhido a carreira eclesiástica, esperando que ele um dia ocupasse algum cargo de poder e prestígio, como o de abade Montecassino. Ele tinha cinco anos de idade quando foi colocado neste mosteiro, mesmo nunca tomando o hábito dos beneditinos. Aos quatorze anos ele foi estudar na universidade de Nápoles, onde pela primeira vez conheceu a filosofia aristotélica. Tudo isto era parte da carreira que seus pais e familiares tinham projetado para ele. Deste modo, até 1239 seguiu o trívio com os mestres beneditinos, na única biblioteca praticamente existente na Europa de então. Naquele ano o mosteiro, foco de defesa do papado, caiu em mãos de Frederico II, e o jovem Tomás seguiu para a recém-fundada Universidade de Nápoles, centro imperial, aberto às obras científicas e filosóficas dos gregos e dos árabes. Ali teve o seu primeiro contato com Aristóteles e seus comentadores árabes, Avicenna e Averroes. Recebeu então a primeira educação no grande mosteiro de Monte Cassino, e passou a sua mocidade em Nápoles na Itália, como aluno daquela faculdade.
Após haver estudado as artes liberais, entrou na Ordem Dominicana em 1244 renunciando a tudo, com exceção da ciência. Este acontecimento determinou uma forte reação por parte de sua família. A nova ordem ainda estava nos seus primeiros anos, e seus frades mendicantes eram mal vistos pela gente abasta. Por tudo isto, sua mãe que se tornara viúva, com a morte de seu pai poucos anos antes, e seus irmãos, fizeram todo o possível para obrigá-lo a abandonar sua decisão. Vendo que a persuasão não tinha sucesso, seqüestraram-no e o encarceraram em um antigo castelo da família, onde esteve recolhido por mais de um ano, enquanto seus irmãos o ameaçavam e tentavam dissuadi-lo com todo tipo de tentações.
Tomaz de Aquino conseguiu fugir de seu cárcere, superando a dificuldade criada por sua família, passando a se dedicar ao estudo assíduo da teologia, terminando seu noviciado entre os dominicanos. Em 1245 foi enviado pela Ordem a Paris, passando por Colônia, onde manteve os primeiros contatos com Alberto Magno, o Grande que lá ensinava. Tendo estudado de 245 a 1248 em Paris e depois em Colônia.
Quem conheceu Tomaz anteriormente, não poderia imaginar o gênio que nele estava adormecido. Ele era grande, grosseiro e tão carrancudo que seus companheiros zombavam dele chamando-o de “o boi mudo”. Pouco a pouco a sua inteligência passou a brilhar através de seu silêncio, e a ordem dos dominicanos se dedicou a cultivá-la. Com este propósito ele passou a maior parte da sua vida em círculos universitários, particularmente em Paris, onde se tornou mestre em 1256.
Sua produção literária foi muitíssima extensa. Suas duas obras mais conhecidas são a “Suma contra Gentios” e a “Suma Teológica”. Além destas, ele produziu um comentário “As Sentenças”, vários sobre as Escrituras e sobre diversas obras de Aristóteles, um bom número de tratados filosóficos, as conhecidas “questões disputadas”, e um sem-número de outros escritos. Tomaz de Aquino morreu em 1274, quando contava com cerca de cinqüenta anos de idade, e seu mestre Alberto ainda vivia.

1. A FORMAÇÃO FILOSÓFICA

Após uma longa preparação e um desenvolvimento promissor, a escolástica chegou ao seu ápice com Tomás de Aquino, adquirindo plena consciência dos poderes da razão, e proporcionando finalmente uma filosofia ao pensamento cristão. Assim, converge para Tomás de Aquino não somente o pensamento escolástico, mas também o pensamento patrístico, que culminou em Agostinho, rico de elementos helenistas e neo-platônicos, além do patrimônio da revelação judaico-cristã, bem mais importante. Para Tomás de Aquino, porém, converge diretamente o pensamento helênico, na sistematização imponente de Aristóteles. O pensamento de Aristóteles, chega a Tomás de Aquino enriquecido com os comentários pormenorizados, especialmente os árabes. Não será exagerado concluir que Tomás de Aquino representa a síntese crítica do pensamento clássico e cristão, hebraico e árabe. É o que evidenciam a estruturação da sua grande obra filosófica, e a exposição da sua doutrina. Com efeito, Tomás de Aquino expõe, em todas as questões particulares, todas as teses dos adversários e a relativa crítica, de modo que a solução racional das várias questões é baseada criticamente em toda a história positiva da filosofia.
Alberto Magno, era alemão, dominicano e um grande vulto da filosofia escolástica, filho da nobre família dos duques de Bollstadt, viveu entre 1207 e 1280, abandonou o mundo pagão e entrou na ordem dominicana. Ensinou em Colônia, Friburgo, Estrasburgo, lecionou teologia na universidade de Paris, onde teve também entre os seus discípulos, Tomás de Aquino, que o acompanhou a Colônia, onde Alberto foi chamado para lecionar no estudo geral de sua ordem. Este mestre de Aquino tinha uma atividade científica vastíssima: trinta e oito volumes tratando dos assuntos mais variados — ciências naturais, filosofia, teologia, exegese, ascética. Esforçou-se para apresentar Aristóteles ao mundo latino, esclarecendo-lhe o pensamento com toda sorte de explicações. Foi Alberto que introduziu Aquino no conhecimento aristotelino.
Em 1252 Tomás já possuía os pré-requisitos necessários para lecionar. Voltou então para a universidade de Paris, onde ensinou até 1260, regressando à Itália, por ter sido chamado à corte papal. Em 1269 foi de novo à universidade de Paris, onde lutou contra o averroísmo de Siger de Brabante; em 1272, voltou a Nápoles, onde lecionou teologia. Dois anos depois, em 1274, viajou para tomar parte no Concílio de Lião, por ordem de Gregório X, e faleceu no mosteiro de Fossanova, entre Nápoles e Roma, quando contava com apenas quarenta e nove anos de idade.

2. AS OBRAS

As obras de Aquino podem ser divididas em quatro grupos:
1. Comentários: à lógica, à física, à metafísica, à ética de Aristóteles; à Sagrada Escritura; a Dionísio Pseudo-Aeropagita; aos quatro livros das sentenças de Pedro Lombardo.
2. Sumas: Suma Contra os Gentios, baseada substancialmente em demonstrações racionais; Suma Teológica, começada em 1265, ficando inacabada devido à sua morte prematura.
3. Questões: Questões Disputadas (Da verdade, Da Alma, Do mal etc); Questões várias.
4. O púsculos: Da Unidade do Intelecto Contra os Averroístas; Da Eternidade do Mundo etc.

3. O PENSAMENTO: A GNOSIOLOGIA

Para Tomás de Aquino, a filosofia é a ciência teorética para resolver o problema do mundo. Diversamente do agostinianismo, e em harmonia com o pensamento aristotélico. Considerava também a filosofia como absolutamente distinta da teologia, — não oposta – visto ser o conteúdo da teologia arcano e revelado, o da filosofia evidente e racional.
A gnosiologia tomista — diversamente da agostiniana e em harmonia com a aristotélica — é empírica e racional, sem inatismos e iluminações divinas. O conhecimento humano tem dois momentos: o sensível e o intelectual, e o segundo pressupõe o primeiro. O conhecimento sensível do objeto, que está fora de nós, realiza-se mediante a assim chamada espécie sensível. Esta é a impressão, a imagem, a forma do objeto material na alma. Isto é, o objeto sem a matéria: como a impressão do sinete na cera, sem a materialidade do sinete; ou, a cor do ouro percebido pelo olho, sem a materialidade do ouro.
O conhecimento intelectual depende do conhecimento sensível, mas transcende-o. O intelecto vê na natureza das coisas — intus legit — mais profundamente de que os sentidos, sobre os quais exerce a sua atividade. Na espécie sensível — que representa o objeto material na sua individualidade, temporalidade, espacialidade etc., mas sem a matéria — o inteligível, o universal, a essência das coisas é contida apenas implicitamente, na sua potencialidade. Para que tal inteligível se torne explícito, atual é preciso extraí-lo, abstraí-lo, isto é, desindividualizá-lo das condições materiais. Tem-se deste modo, a espécie inteligível, representado precisamente o elemento essencial, e a forma universal das coisas.
Pelo fato de que o inteligível é contido apenas potencialmente no sensível, é mister um intelecto agente que abstraia, desmaterialize, desindividualize o inteligível do fantasma ou representação sensível. Este intelecto agente é como que uma luz espiritual da alma, mediante a qual ilumina ela o mundo sensível para conhecê-lo; no entanto é absolutamente desprovido de conteúdo ideal, sem conceitos diferentemente de quanto pretendia o inatismo agostiniano. E, ademais, é uma faculdade da alma individual, e não nos advém de fora, como pretendiam ainda o iluminismo agostiniano e o panteísmo averroísta. O intelecto que propriamente entendo o inteligível, a essência, a idéia, feita explícita, desindividualizada pelo intelecto agente, é o intelecto passivo, a que pertencem as operacionais humanas: conceber, julgar, raciocinar, elaborar as ciências até à filosofia.
Como no conhecimento sensível, a coisa sentida e o sujeito que sente, formam uma unidade mediante a espécie sensível, do mesmo modo e ainda mais perfeitamente, acontece no conhecimento intelectual, mediante a espécie inteligível, entre o objeto conhecido e o sujeito que conhece. Compreendendo as coisas, o espírito se torna todas as coisas, possui em si, tem em si mesmos, imanentes todas as coisas, compreendendo-lhes as essências e as formas.
Na filosofia de Tomás de Aquino, a espécie inteligível não é coisa entendida, quer dizer, a representação da coisa (id quod intelligitur), pois, neste caso, conheceríamos não as coisas, mas os conhecimentos das coisas, acabando, destarte, no fenomenismo. Mas, a espécie inteligível é o meio pelo qual a mente entende as coisas extramentais (é logo, id quo intelligitur). E isto corresponde perfeitamente aos dados do conhecimento, que nos garante conhecermos coisas e não idéias; mas as coisas podem ser conhecidas apenas através das espécies e das imagens, e não podem entrar fisicamente no nosso cérebro.
O conceito tomista de verdade é perfeitamente harmonizado com esta concepção realista do mundo, e é justificado experimentalmente e racionalmente. A verdade lógica não está nas coisas e nem sequer no mero intelecto, mas na adequação entre a coisa e o intelecto: “veritas est adaequatio speculativa mentis et rei”. E tal adequação é possível pela semelhança entre o intelecto e as coisas, que contêm um elemento inteligível, a essência, a forma, a idéia. O sinal visto que muitos conhecimentos nossos não são evidentes, intuitivos, tornam-se verdadeiros quando levados à evidência mediante a demonstração.
Todos os conhecimentos sensíveis são evidentes, intuitivos, e, por conseqüência, todos os conhecimentos sensíveis são, por si, verdadeiros. Os chamados erros dos sentidos nada mais são que falsas interpretações dos dados sensíveis, devidas ao intelecto. Pelo contrário, no campo intelectual, poucos são os nossos conhecimentos evidentes. São certamente evidentes os princípios primeiros (identidade, contradição etc.). Os conhecimentos não evidentes são reconduzidos à evidência mediante a demonstração, como já dissemos. É neste processo demonstrativo que se pode insinuar o erro, consistindo em uma falsa passagem na demonstração, e levando, à discrepância entre o intelecto e as coisas. A demonstração é um processo dedutivo, isto é, uma passagem necessária do universal para o particular. No entanto, os universais, os conceitos, as idéias, não são inatas na mente humana, como pretendia o agostinianismo, e nem sequer são inatas suas relações lógicas, mas se tiram fundamentalmente da experiência, mediante a indução, que colhe a essência das coisas. A ciência tem como objeto esta essência das coisas, universal e necessária. Desta essência conhecida, derivam dedutivamente e necessariamente as suas propriedades e atividades. Nisto precisamente consiste o processo dedutivo, que é o processo científico propriamente dito.

4. A METAFÍSICA

A metafísica tomista pode-se dividir em geral e especial. A metafísica geral ou ontologia, tem por objetivo o ser em geral e as atribuições e leis relativas. A metafísica especial estuda o ser em suas grandes especificações: Deus, o espírito, e o mundo. Daí temos a teologia racional, assim chamada, para distinguí-la da teologia revelada; a psicologia racional (racional, porquanto é filosofia e se deve distinguir da moderna psicologia empírica, que é ciência experimental): a cosmologia ou filosofia da natureza (que estuda a natureza em suas causas primeiras, passo que a ciência experimental estuda a natureza em suas causas segundas).
O princípio básico da ontologia tomista é a especificação do ser em potência e ato. Ato significa realidade, perfeição; potência quer dizer não-realidade, imperfeição. Não significa, porém, irrealidade absoluta, mas imperfeição relativa de mente e capacidade de conseguir uma determinada perfeição, capacidade de concretizar-se. Tal é ato puro; este não muda e faz com que tudo exista e venha a existência. Opõe-se ao ato puro a potência pura que, de per si, naturalmente é irreal, é nada, mas pode tornar-se todas as coisas, e chamar-se matéria.

4.1 A NATUREZA

Uma determinação, especificação do princípio de potência e ato, válida para toda a realidade, é o princípio da matéria e da forma. Este princípio vale unicamente para a realidade material, para o mundo físico, e interessa portanto especialmente à cosmologia tomista. A matéria não é absoluto, não-ente; é, porém, irreal sem a forma, pela qual é determinada, como a potência é determinada pelo ato. É necessária para a forma, a fim de que possa existir um ser completo e real (substância). A forma é a essência das coisas (água, ouro, vidro) e é universal. A individualização, a concretização da forma, essência em vários indivíduos, que só realmente existem (esta água, este ouro, este vidro), depende da matéria, que portanto representa o princípio de individualização no mundo físico. Resume claramente Maritain esta doutrina com as palavras seguintes: “Na filosofia de Aristóteles e Tomás de Aquino, toda substância corpórea é um composto de duas partes substanciais complementares, uma passiva e em si mesma absolutamente indeterminada (a matéria), outra ativa e dominante (a forma).
Além destas duas causas constitutivas (matéria e forma), os seres materiais têm outras duas causas: a causa eficiente e a causa final. A causa eficiente é a que faz surgir um determinado ser na realidade, é a que realiza o sínolo, a saber, a síntese daquela determinada matéria com a forma que a especifica. A causa final é o fim para que opera a causa eficiente; é esta causa final que determina a ordem observada no universo. Em conclusão: todo ser material existe pelo concurso de quatro causas — material, formal, eficiente e final; estas causas constituem todo ser na realidade e na ordem com os demais seres do universo físico.

4.2 O ESPÍRITO

Quando a forma é princípio da vida, que é uma atividade cuja origem está dentro do ser, chama-se alma. Portanto, têm uma alma as plantas (alma vegetativa: que se alimenta, cresce, se reproduz), e os animais (alma sensitiva: que, a mais da alma vegetativa, sente e se move). Entretanto, à psicologia racional, que diz respeito ao homem, interessa apenas a alma racional. Além de desempenhar as funções da alma vegetativa e sensitiva, a alma racional entende e quer, pois segundo Tomás de Aquino, existe uma forma só e, por conseguinte, uma alma só em cada indivíduo; e a alma superior cumpre as funções da alma inferior, como o mais contém o menos.
No homem existe uma alma espiritual — unida com o corpo, mas transcendendo-o — porquanto além das atividades vegetativa e sensitiva, que são materiais, se manifestam nele também atividades espirituais, como o ato do intelecto e o ato da vontade. A atividade intelectiva é orientada para entidades imateriais, como os conceitos; e, por conseqüência, esta atividade tem que depender de um princípio imaterial, espiritual, que é precisamente a alma racional. Assim, a vontade humana é livre, indeterminada — como veremos mais adiante — ao passo que o mundo material é regido por leis necessárias. E, portanto, a vontade não pode ser senão a faculdade de um princípio imaterial, espiritual, ou seja, da alma racional, que pelo fato de ser imaterial, isto é, espiritual, não é composta de partes e, por conseguinte, é imortal.
Como a alma espiritual transcende a vida do corpo depois da morte deste, isto é, é imortal, assim transcende a origem material do corpo e é criada imediatamente por Deus, com relação ao respectivo corpo já formado, que a individualiza. Mas, diversamente do dualismo platônico-agostiniano, Tomás sustenta que a alma, espiritual embora, é unida substancialmente ao corpo material, de que é a forma. Desse modo o corpo não pode existir sem a alma, nem viver, e também a alma, por sua vez, ainda que imortal, não tem uma vida plena sem o corpo, que é o seu instrumento indispensável.

4.3 DEUS

Como a cosmologia e a psicologia tomistas dependem da doutrina fundamental da potência e do ato, mediante a doutrina da matéria e da forma, assim a teologia racional tomista depende — e mais intimamente ainda — da doutrina da potência e do ato. Contrariamente à doutrina agostiniana que pretendia ser Deus conhecido imediatamente por intuição, Tomás sustenta que Deus não é conhecido por intuição, mas é cognoscível unicamente por demonstração; entretanto esta demonstração é sólida e racional, não recorre a argumentações a priori, mas unicamente a posteriori, partindo da experiência, que sem Deus seria contraditória.
As provas tomistas da experiência de Deus são cinco; mas todas têm em comum a característica de se firmar na evidência (sensível e racional), para proceder à demonstração, como a lógica exige. E a primeira dessas provas — que é fundamental e como que norma para as outras — baseia-se diretamente na doutrina da potência e do ato. “Cada uma delas se firma em dois elementos, cuja solidez e evidência são igualmente incontestáveis: uma experiência sensível, que pode ser a constatação do movimento, das causas, do contingente, dos graus de perfeição das coisas ou da ordem que entre elas reina; e uma aplicação do princípio de causalidade, que suspende o movimento ao imóvel, as causas segundas à causa primeira, o contingente ao necessário, o imperfeito ao perfeito, a ordem à inteligência ordenadora”.
Se conhecemos apenas indiretamente, pelas provas, a existência de Deus, ainda mais limitado é o conhecimento que temos da essência divina, como sendo a que transcende infinitamente o intelecto humano. Segundo o Aquinate, antes de tudo, sabemos que Deus não é (teologia negativa), entretanto conhecemos também algo de positivo em torno da natureza de Deus, graças precisamente à famosa doutrina da analogia. Esta doutrina é solidamente baseada no fato de que o conhecimento certo de Deus se deve realizar partindo das criaturas, porquanto o efeito deve ter semelhança com a causa. A doutrina da analogia consiste precisamente em atribuir a Deus as perfeições criadas positivamente, tirando, porém, as imperfeições, isto é, toda limitação e toda potencialidade. O que conhecemos à respeito de Deus é, portanto, um conjunto de negações e de analogias; e não é falso, mas apenas incompleto.
Quanto ao problema das relações entre Deus e o mundo, é resolvido com base no conceito de criação, que consiste numa produção do mundo por parte de Deus, total, livre e do nada. Segundo a solução dualista, grega, do problema metafísico, teológico, o mundo e o homem são algo de verdadeiramente autônomo e independente de Deus, mas Deus fica limitado pelo mundo e o mundo inexplicável; segundo a solução monista desse problema, o homem e o mundo são da mesma substância de Deus, mas Deus é resolvido no mundo e o mundo fica igualmente inexplicável; segundo a solução teísta do problema teológico, o homem existe verdadeiramente, mas depende totalmente de Deus, no ser e no agir. Como se concilie tal casualidade absoluta de Deus com a liberdade humana, não é possível explicar racionalmente; entretanto, que os dois termos não são contraditórios, porquanto a ação de Deus é absolutamente diversa, transcendente à ação humana na sua livre natureza.

5. A MORAL

Também no campo da moral, Tomás se distingue do agostinianismo, pois a moral tomista é essencialmente intelectualista, ao passo que a moral agostiniana é voluntarista, quer dizer, a vontade não só é condição do conhecimento, mas tem como fim o conhecimento. A ordem moral, pois, não depende da vontade arbitrária de Deus, e sim da necessidade racional da divina essência, isto é, a ordem moral é imanente, essencial, inseparável da natureza humana, que é uma determinada imagem da essência divina, que Deus quis realizar no mundo. Desta sorte, agir moralmente significa agir racionalmente, em harmonia com a natureza racional do homem.
Entretanto, se a vontade não determina a ordem moral, é a vontade todavia que executa livremente esta ordem moral. Tomás afirma e demonstra a liberdade da vontade, recorrendo a um argumento metafísico fundamental. A vontade tende necessariamente para o bem em geral. Se o intelecto tivesse a intuição do bem absoluto, isto é, de Deus, a vontade seria determinada por este bem infinito, conhecido intuitivamente pelo intelecto. Ao invés, no mundo a vontade está em relação imediata apenas com seres e bens finitos que, portanto, não podem determinar a sua infinita capacidade de bem; logo, é livre. Não é mister acrescentar que, para a integridade do ato moral, são necessários dois elementos: o elemento objetivo, a lei, que se distingue mediante a razão; e o elemento subjetivo, a intenção, que depende da vontade.
Analisando a natureza humana, resulta que o homem é um animal social (político) e portanto forçado a viver em sociedade com os outros homens. A primeira forma da sociedade humana é a família, de que depende a conservação do gênero humano; a segunda forma é o estado, de que depende o bem comum dos indivíduos. Sendo que apenas o indivíduo tem realidade substancial e transcendente, se compreende como o indivíduo não é um meio para o estado, mas o estado um meio para o indivíduo. Segundo Tomás de Aquino, o estado não tem apenas função negativa (repressiva) e material (econômica), mas também positiva (organizadora) e espiritual (moral). Embora o estado seja completo em seu gênero, fica, porém, subordinado, em tudo quanto diz respeito à religião e à moral, à igreja, que tem como escopo o bem eterno das almas. O estado tem como escopo, apenas o bem temporal dos indivíduos.

6. FILOSOFIA E TEOLOGIA

Em torno do problema das relações entre filosofia e teologia, ciência e fé, razão e revelação, e mais precisamente em torno do problema da função da razão no âmbito da fé, Tomás de Aquino dá uma solução precisa e definitiva mediante uma distinção clara entre as duas ordens. Com base no sólido sistema aristotélico, é eliminada a doutrina da iluminação, agostiniana, que levava inevitavelmente a uma confusão da teologia com a filosofia. Finalmente, é conquistada a consciência do que é conhecimento racional e demonstração racional, ciência e filosofia: é um lógico procedimento de princípios evidentes para conclusões inteligíveis. E compreende-se, portanto, que não é possível demonstração racional em matéria de fé, onde os princípios são, para nós, não evidentes, transcendentes à razão, mistérios, e igualmente ininteligíveis suas conclusões lógicas.
Em todo caso, segundo o sistema tomista, a razão não é estranha à fé, porquanto procede da mesma verdade eterna. E, com relação à fé, deve a razão desempenhar os papéis seguintes:
1) A demonstração da fé, não com argumentos intrínsecos, de evidência, o que é impossível, mas com argumentos extrínsecos, de credibilidade (profecias, milagres etc), que garantem a autenticidade divina da Revelação.
2) A demonstração da não irracionalidade do mistério e da sua conveniência, mediante argumentos prováveis.
3) A determinação, enucleação e sistematização das verdades de fé, pelo que a sacra teologia é ciência, e ciência em grau eminente, porquanto essencialmente especulativa, ao passo que, para os agostinianos, é essencialmente prática.
Tomás, portanto, não confunde — como faz o agostinianismo — nem opõe — como faz o averroísmo — razão e fé, mas distingue-as e as harmoniza. De modo que nasce uma unidade dialética profunda entre a razão e a fé; tal unidade dialética nasce da determinação tomista do conceito metafísico de natureza humana; esta determinação tomista do conceito metafísico de natureza humana tornou possível a averiguação das reais, efetivas vulnerações da natureza humana; estas vulnerações são filosoficamente, racionalmente, inexplicáveis. E demandam, por conseguinte, a Revelação e, precisamente, os dogmas do pecado original e da redenção pela cruz.

7. O TOMISMO

O tomismo afirma-se e caracteriza-se como uma crítica que valoriza a orientação do pensamento platônico-agostiniano em nome do racionalismo aristotélico, que pareceu um escândalo, no campo católico, ao misticismo agostiniano. Ademais, o tomismo se afirma e se caracteriza como o início da filosofia no pensamento cristão e, por conseguinte, como o início do pensamento moderno, enquanto a filosofia é concebida como construção autônoma e crítica da razão humana.
Sabemos que, segundo a concepção platônico-agostiniana, o conhecimento humano depende de uma particular iluminação divina; segundo esta doutrina, portanto, o espírito humano está em relação imediata com o inteligível, e tem, de certo modo, intuição do inteligível. A esta gnosiologia inatista, Tomás opõe francamente a gnosiologia empírica atristotélica, em virtude da qual o campo do conhecimento humano verdadeiro e próprio é limitado ao mundo sensível. Acima do sentido há, sim, no homem, um intelecto; este intelecto atinge, sim, um inteligível; mas é um intelecto concebido como uma faculdade vazia, sem idéias inatas — é uma tabula rasa, segundo a famosa expressão; e o inteligível nada mais é que a forma imanente às coisas materiais. Essa forma é enucleada, abstraída pelo intelecto das coisas materiais sensíveis. Essa gnosiologia é naturalmente conexa a uma metafísica e, em especial, a uma antropologia, assim como a gnosiologia platônico-agostiniana era conexa a uma correspondente metafísica e antropologia. Por isso a alma era concebida quase como um ser autônomo, uma espécie de natureza angélica, unida extrinsecamente a um corpo, e a materialidade do corpo era-lhe mais de obstáculo do que instrumento. Por conseguinte, o conhecimento humano se realizava não através dos sentidos, mas ao lado e acima dos sentidos, mediante contacto direto com o mundo inteligível; precisamente como as inteligências angélicas, que conhecem mediante as espécies impressas, idéias inatas. Vice-versa, segundo a antropologia aristotélica-tomista, sobre a base metafísica geral da grande doutrina da forma, a alma é concebida como a forma substancial do corpo. A alma é, portanto, incompleta sem o corpo, ainda que destinada a sobreviver-lhe pela sua natureza racional; logo, o corpo é um instrumento indispensável ao conhecimento humano, que, por conseqüência, tem o seu ponto de partida nos sentidos.
Terceira característica do agostiniano é o assim chamado voluntarismo, com todas as conseqüências decorrentes da primazia da vontade sobre o intelecto. A característica do tomismo, ao contrário, é o intelectualismo, com a primazia do intelecto sobre a vontade, com todas as relativas conseqüências. O conhecimento, pois, é mais perfeito do que a ação, porquanto o intelecto possui o próprio objeto, ao passo que a vontade o persegue sem conquistá-lo. Esta doutrina é aplicada tanto na ordem natural como na ordem sobrenatural, de sorte que a bem-aventurança não consiste no gozo afetivo de Deus, mas na visão beatífica da Essência divina.

CONCLUSÃO

Tomás de Aquino seguiu a diretriz traçada por Alberto, mas definiu sua posição com maior clareza. Segundo Tomás há verdades que estão ao alcance da razão, e outras que estão acima dela. Assim, a filosofia se ocupa somente das primeiras. Mas a teologia não se ocupa somente das últimas. Isto porque há verdades que a razão pode demonstrar, mas que são necessárias para a salvação, mesmo quando a razão pode demonstrá-las, têm sido reveladas. Portanto estas verdades podem ser estudadas tanto pela filosofia como pela teologia.
Sem crer que Deus existe não é possível se salvar. Por isto Deus revelou sua própria existência. A autoridade da igreja é suficiente para fazer crer na existência. Ninguém pode se desculpar e dizer que esta verdade requer grande capacidade intelectual para sua demonstração. A existência de Deus é um artigo de fé, e a pessoa mais ignorante pode aceitá-la simplesmente baseado nisto. Mas isto não quer dizer que esta existência está acima da razão. A razão pode demonstrar o que a fé aceita. A existência de Deus é um tema tanto da teologia como da filosofia, mesmo que cada uma delas chegue a ela por seu próprio caminho. A investigação racional nos ajuda a compreender mais completamente o que aceitamos pela fé. Esta é a função das famosas cinco vias que Tomás seguiu para provar a existência de Deus. Todas estas vias são paralelas, e não é necessário seguir a todas. Elas começam com o mundo que conhecemos através dos sentidos, e dali levam à existência de Deus. A primeira via, é a do movimento, e diz simplesmente que o movimento do mundo deve ter uma causa inicial, que é Deus.
Tomás de Aquino contribuiu sobremaneira para o curso posterior da teologia, em parte devido à estrutura do seu pensamento, mas sobretudo à maneira com que soube unir a doutrina tradicional da igreja com a nova filosofia. Tomás soube fazer uso de uma filosofia que os outros encaravam como uma ameaça séria à fé, e que ele converteu em instrumento nas mãos da mesma fé.

CRÍTICAS

Baseado na bibliografia e na crítica dos autores como Gonzalez e Padovani, estou convicto de que Tomás de Aquino conseguiu diminuir o espaço que existia entre a filosofia e a teologia. Logo, contribuiu positivamente para que a filosofia não fosse encarada como uma ciência que colocava em cheque o conhecimento acerca da existência de Deus defendida pelos teístas. Creio que a filosofia e a teologia “tomista” foram de grande valor para o conhecimento de Deus nos séculos que se seguiram e até mesmo em nossos dias.
Não tenho nenhuma dúvida acerca das idéias de Tomás quanto a soberania do estado com relação as questões de ordem econômico-social que envolvem o homem, quanto deve estar submisso as questões de ordem espiritual e moral à igreja. Ao estudarmos Sociologia, verificamos que as idéias de Tomás quanto a posição do estado são defendidas ainda em nossos dias.
Com relação as questões do conhecimento de Deus, Tomás se baseou na doutrina da analogia, cujos argumentos afirmam que o conhecimento certo de Deus se devia realizar partindo da criação porque o efeito devia ter alguma semelhança com a causa. Em outras palavras significa dizer que a Teologia Natural é suficiente para que todos cheguem ao conhecimento de Deus. Daí Davi inspiradamente haver escrito: “Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra da suas mãos, um dia faz declaração a outro dia e uma noite mostra sabedoria a outra noite, sem linguagem sem fala, ouvem-se as suas vozes (Sal. 19:1-3).”

Augusto Bello de Souza Filho
Bacharel em Teologia

BIBLIOGRAFIA

– Castagnola, Umberto Padovani Luis, HISTÓRIA DA FILOSOFIA, Editora Melhoramentos, São Paulo (SP), 1990, 15ª Edição.
– Gonzalez, Justo L, A ERA DOS ALTOS IDEAIS, Sociedade Religiosa Edições Vida
Nova, São Paulo (SP), 1989, 3a. Edição.

O palácio da Bíblia

O PALÁCIO DA BÍBLIA

A Bíblia é semelhante a um palácio maravilhosamente construído: de pedras ornamentais preciosas, contendo sessenta e seis (66) salas majestosas, cada uma das quais é diferente das suas companheiras e perfeita em sua beleza individual; sendo que formam um edifício incomparavelmente belo, glorioso e sublime.

No livro de Gênesis encontramo-nos no vestíbulo magnifico, onde somos introduzidos imediatamente aos arquivos das obras excelsas de Deus, na Criação. Este vestíbulo dá entrada nas Audiências Judiciais; depois das quais, chegamos as Galerias de Pinturas dos livros históricos. Aqui encontramos a Sala de Música – o livro de Salmos, e aqui nos demoramos tocados profundamente pelas mais sublimes harmonias que jamais chegaram aos ouvidos humanos. Logo depois, entramos no Gabinete de Negócios – o livro de Provérbios, no centro do qual se acha a divisa: “a justiça exalta as nações, mas o pecado é o opróbrio dos povos.” Logo após, damos no Gabinete de Investigações – o Eclesiastes, e daí, para o Conservatório – os Cânticos de Salomão, onde nos saúdam o aroma flagrante de frutas escolhidas e de belas flores com o canto doce dos passarinhos. Depois chegamos ao observatório, onde os Profetas com os seus telescópios estão esperando o aparecimento da “Estrela Resplandecente da Manhã”, antes do despertar do “Sol da Justiça”.

Atravessando o Pátio do Silêncio, alcançamos a Sala de Audiências do Rei – os Evangelhos, onde podemos ver quatro retratos do próprio Rei, os quais revelam as petições de Sua beleza Divina e infinita.

Em seguida, entramos no Gabinete de Trabalho do Santo Espírito – os Atos dos Apóstolos e além dele, está a Sala da Correspondência – as Epístolas, onde vemos: Paulo, Pedro, Tiago, Judas e João ocupados nas suas bancas, sob a Inspiração do Espírito da Verdade.

Finalmente chegamos A Sala do Trono – livro de Apocalipse onde ficamos arrebatados pelo imenso volume de adoração e louvor, que é dirigido ao Rei Entronizado e que enche a vasta sala, ao passo que nas Galerias e no Tribunal de Glória, relacionadas com a futura manifestação do Filho de Deus, que é o “Rei dos reis e Senhor dos senhores”.

“Autor desconhecido”

Inspiração, revelação e cânon

INSPIRAÇÃO, REVELAÇÃO E CÂNON

1. O FUNDAMENTAL
Cremos na inspiração divina do Velho Testamento. Muitas religiões se baseiam em documentos humanos. Por exemplo: o Livro dos Mórmons e os textos de Ellen White, que se apresenta como continuadora da Escritura. Cremos que Deus se revelou e inspirou os homens que escreveram o Velho Testamento. É algo sobrenatural. A falácia de “E a Bíblia Tinha Razão”, é uma tentativa de comprovar cientifica e empiricamente que a Bíblia de fato é um livro especial e que suas narrativas são verdadeiras;.

2. INSPIRAÇÃO
Traduzida da palavra grega: theopneustos que traduzido quer dizer soprada por Deus. No Latim: inspiro (para dentro). Deus soprou para dentro dos homens.

3. REVELAÇÃO
Traduzida da palavra grega: apokalipsis, quer quer dizer tirar o véu, a máscara. Jeremias, autor de “A Mensagem Central do Novo Testamento”, na página 114 diz: “A revelação é o conteúdo e a inspiração é o método”.

4. O CÂNON DO VELHO TESTAMENTO
A palavra Cânon significa “Régua de medir”, ou Padrão aferidor. Deste modo a Bíblia é o padrão aferidor que deve nortear a vida de todos os homens. Portanto, quando dizemos o Cânon do Velho Testamento estamos nos referindo ao conjunto dos livros do Velho Testamento. Como se formou? etc.

4.1 A fixação da lei
Houve anotações: Ex 24:4-7 e Dt 31:9-13 e 24. Não se sabe quando o Pentatêuco foi completado. Duas observações necessárias:
1a – Não tratavam os escritos como nós. Há adições aos pontos fundamentais. Houve tradição oral. Cremos na mão de Deus. Assim, tudo foi testado e aprovado.
2a – Duas vezes a nação declarou “obedeceremos ao livro desta lei”. Com Josias (II Rs 23:1-3 e II Cr 34:29-31) e com Esdras (Ne 8 a 10 – a primeira leitura durou 6 horas conforme Ne 8:3). O povo reconheceu vir de Deus.

4.2 A fixação dos profetas
O reconhecimento dos profetas anteriores. (Josué, Juízes, Samuel e Reis). Três fatores contribuíram: 1o) Descrevem o trato de Iavé com o povo escolhido; 2o ) Seguem o mesmo sentido da Lei; 3o) A autoridade dos escritores foi aceita (Dt 31:24 e Js 24:26).
O reconhecimento dos profetas posteriores. Tidos como autoritativos desde o início da circulação. Predições se cumpriram, como o desastre do exílio. Alguns profetas citam outros, dando-lhes autoridade (Dn 9:2).

4.3 A fixação dos escritos
Sem problemas. Alguns salmos eram usados nos cultos. Outros eram proféticos. Os livros de sabedoria foram aceitos como sendo Dom de Deus – I Rs 3:28). Por que Crônicas e não “As Guerras do Senhor” (Nm 21:14)? E o “Livro dos Justos” (Js 10:13)? Hoje, perdidos. Na época, foram utilizados como referência, contudo não foram incluídos no Cânon por algum motivo que desconhecemos.

4.4 O estabelecimento final do cânon
Segundo o historiador Josefo: na época de Esdras, tudo, desde a criação do mundo até Artaxerxes I (465-425 a.C.) já estava anotado (em Contra Apião).
Talmude: Os escribas de Ezequias escreveram Isaías, Provérbios, Cânticos e Eclesiastes. Os homens da grande congregação escreveram Os Doze, Daniel e Ester. Esdras escreveu seu livro e as genealogias de Crônicas. Neemias completou o livro de Esdras.
O livro de “IV Esdras”, um apocalipse judaico escrito no ano 100 d.C., portanto 30 anos depois da queda de Jerusalém que se verificou em 70 d.C., cujos relatos antigos dizia que Esdras estava na Babilônia e reclamou da queima dos livros da Lei. Conta-se então que Esdras divinamente inspirado pelo Espírito Santo, ditou, em 40 dias, 70 livros a 5 escribas. Contudo, este livro não mereceu crédito e não foi incluído no Cânon bíblico. Realmente, o ano de sua edição seria 557 a.C. e Esdras é de 458 (conforme. Esdras 7), mas mostra a visão dos judeus em ter Esdras como o compilador do cânon. Ele é mostrado como o novo Moisés.

BIBLIOGRAFIA

1. Goodspeed, Como nos Veio a Bíblia, Imprensa Metodista
2. Archer, Merece Confiança o Antigo Testamento, Vida Nova
3. Rendtorff, A Formação do Antigo Testamento, Sinodal
4. Martin-Archad, Como Ler o Antigo Testamento, ASTE
5. Benttencourt, Para Entender o Antigo Testamento, Santuário
6. Castanho, Iniciação à Leitura da Bíblia, Santuário
7. Walton, Quadros Cronológicos do Velho Testamento, Batista Regular

Os livros apócrifos do Antigo Testamento

OS LIVROS APÓCRIFOS DO ANTIGO TESTAMENTO

SIGNIFICADO: A palavra apócrifo significa obra ou fato sem autenticidade ou cuja autenticidade não se provou. E, também “oculto”. Isto quer dizer que estes livros não eram acessíveis a todos. Hoje são considerados não autênticos. Não são livros canônicos, mas úteis para estudo e até mesmo para edificação conforme foram considerados no início.

LOCALIZAÇÃO HISTÓRICA: Foram produzidos entre o 3o e 1o século AC, com o cânon já definido. Em grego, menos Eclesiástico, Tobias e I Macabeus. A cultura gentia os assimilou (o cânon de Alexandria). O historiador Josefo, os judeus e a Igreja cristã rejeitaram.

A LXX (Septuaginta) os incluiu como adendo (seguindo o cânon alexandrino). No Concílio de Cártago, em 397 DC: foram considerados próprios para a leitura. O Concílio Geral de Calcedônia, 451 DC, os negou. Foram colocados no cânon em 08.04.1546, numa sessão com 5 cardeais e 48 bispos, apenas, e não foi por unanimidade. Em 1827, a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira os excluiu da Bíblia (não editando nem mesmo como adendo). Desde então esta é a postura protestante.

HISTÓRICO DO CÂNON: Em 170, o bispo Melito faz a primeira tentativa de um cânon. Omite Ester, Lamentações (talvez fosse um livro com Jeremias) e Neemias (que era um livro com Esdras). Acrescentou Sabedoria de Salomão. Orígenes (morto em 254): aceitou o testemunho de Josefo (Archer, 74) mas incluiu a Epístola de Jeremias (que foi escrita em hebraico). O que temos como cânon do Velho Testamento foi aceito por longo tempo pela cristandade como um todo. A Bíblia protestante segue exatamente o cânon judaico. Não é a Bíblia protestante que tem livros a menos. A Bíblia católica é que tem livros a mais. Foi a Igreja Católica quem os acrescentou.

A BÍBLIA CATÓLICA: Seguindo a Vulgata que traduziu da LXX (Septuaginta), o cânon católico incorporou os apócrifos após a Reforma. Quando a Vulgata os inseriu, distinguiu-os dos outros, que chamou de canônicos. Aos apócrifos chamou de eclesiásticos. Ao todo são 12 livros ou enxertos:

VULGATA: Contém os livros de I Esdras, II Esdras, Tobias, Judite, Adição a Ester (do capítulo 10:4 ao capítulo 16), Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, Adições a Daniel (chamado de apêncice, os capítulos 12 e 13, contendo a História de Susana, História de Bel, Daniel Matando o Dragão, Daniel novamente no Lago dos Leões e o Rei dando Glória ao Senhor), Oração de Manassés, I Macabeus, II Macabeus,.

BÍBLIA CATÓLICA: Pela ordem cronológica em que estão, temos: Tobias, Judite, Acréscimos a Ester, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, Acréscimos a Daniel, I Macabeus, II Macabeus. No total de sete livros e dois acréscimos.

ALGUMAS INFORMAÇÕES

Judite foi escrito no século II a.C. é a história de uma judia que mata Holofernes. Ver a nota da BJ – Bíblia de Jerusalém, p. 725;
O Códice Vaticano, um dos manuscritos mais respeitados, não tem Macabeus;
II Macabeus 15:37 faz um discurso para justificar o suicídio;
No livro de Tobias o anjo Rafael mente e engana as pessoas;
Sabedoria foi escrito no ano 50 a.C.

RAZÕES DA REJEIÇÃO
O Velho Testamento já estava produzido;

A maioria produzida em grego;

Rejeição pelos judeus da cultura gentia;

Prevaleceu para os judeus o cânon palestiniano;

A postura protestante: a Bíblia produziu a Igreja. Postura católica: a Igreja produziu a Bíblia, e também a Tradição. Inclusive as nivela. Por isso, pode acrescentar e tirar;

Jesus não citou um deles sequer. Nem seus apóstolos. Judas cita dois pseudepígrafos, mas não parece ceder-lhes declaradamente o conceito de inspirados.

BIBLIOGRAFIA
1. Goodspeed, Como nos Veio a Bíblia, Imprensa Metodista
2. Archer, Merece Confiança o Antigo Testamento, Vida Nova
3. Rendtorff, A Formação do Antigo Testamento, Sinodal
4. Martin-Archad, Como Ler o Antigo Testamento, ASTE
5. Benttencourt, Para Entender o Antigo Testamento, Santuário
6. Castanho, Iniciação à Leitura da Bíblia, Santuário
7. Walton, Quadros Cronológicos do Velho Testamento, Batista Regular

A Bíblia

A BÍBLIA

A Bíblia, é um livro singular. Declara vir de Deus e suporta análises. O Alcorão: não tem base histórica. Não tem profecias cumpridas. O Evangelho Segundo o Espiritismo, fala da vida corpórea em Marte e Saturno. O propósito da Bíblia é revelar o plano de Deus aos homens para a sua salvação. Não nos fala de Deus, mas em nome de Deus.
O seu estudo deve ser criterioso. Evitar o afogadilho, (lê-la em 2 dias por exemplo). Um modismo atual em muitas igrejas é copiar a Bíblia a mão. Pensarmos que a conhecemos é um problema. Outro: é usá-la como texto de prova de nossos conceitos e doutrinas. É necessário entender o contexto sócio-histórico. Não vamos estudar passagem por passagem, mas compreender o contexto para darmos uma correta interpretação.
O relacionamento entre o Velho Testamento e o Novo Testamento, é muito relegado em nossas igrejas. O Velho Testamento é bastante rico. É a Palavra de Deus. Os escritores do Novo Testamento chamam-no de “Escritura”: Gl 3:8 e II Pe 1:10-21. Jesus assim considerava: Mt 22:29. Nutria respeito: Mt 4:1-10.
O Novo Testamento vê o Velho Testamento como um testemunho sobre Cristo. Os Sermões em Atos estão repletos de textos do Velho Testamento. Exemplos: 2:17, 25 e 34; 3:22 e 24. São chamados de testimonia. Alguns eventos históricos do Velho Testamento são vistos como símbolos proféticos pelo Novo Testamento:
a travessia do mar Vermelho é um símbolo do batismo cristão (I Co 10:1-2);

a conquista de Canaã é vista como descanso espiritual do povo de Deus (Hb 3 e 4);

o êxodo de Israel é aplicado a Jesus (Os 11:1 e Mt 2:15).

A Bíblia Hebraica é o nosso Velho Testamento. Possuia 24 livros em 3 grupos: Lei, Profetas e Escritos.

Os livros da Lei são: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Este grupo de livros é denominado também de Torá que quer dizer: instrução ou lei.

Os Profetas dividem-se em Primeiros e Posteriores:
Primeiros: Josué, Juízes, Samuel e Reis.
Posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e os Doze (um volume).

Os Escritos são: Salmos, Provérbios, Jó, Os Cinco Volumes, Daniel, Esdras juntamente com Neemias e Crônicas.

Somando-se dão 20. Tira-se os Cinco Volumes (chamados de megilôth) e conta-se cada um deles: Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester. Cada um era um livro distinto, embora aglutinados. Assim dava um total de 24, que corresponde ao dobro de 12, número que é o símbolo de religião organizada. Tinham caráter festivo e eram lidos nas festas judaicas.
Cânticos: Na Festa da Páscoa;
Rute: Na Festa das Semanas ou Pentecoste;
Eclesiastes: Na Festa dos Tabernáculos
Ester: Na Festa do Purim
Lamentações: No aniversário da destruição de Jerusalém.

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