Textos, estudos e músicas.

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Resurrectio Paschae – Domingo de Páscoa

O conceito de ressurreição não é novo. São várias as religiões que falam de deuses que morrem e voltam à vida. Os egípcios foram os primeiros a falar em ressurreição. Sua mitologia aponta a presença da ressurreição no relato do Deus Osíris, filho de Geb (Terra) e Nut (céu), este foi morto pela divindade Set e teve seu corpo dividido em várias partes pelo mundo. A deusa Ísis é aquela que encontra suas partes e o faz retornar à vida. Já nas religiões nórdicas temos a figura de Odin. Este se sacrifica na árvore sagrada Yggdrasil em busca de iluminação, espetado por sua própria lança. Segundo a mitologia nórdica, nove dias e nove noites ele volta à vida. O conceito de ressurreição está presente não só em deuses, mas até em animais. A fénix, por exemplo, era o pássaro, que migrou da mitologia egípcia para várias outras, fala-se que esta morria em combustão espontânea e que voltava a vida de suas cinzas. Os gregos de modo geral não acreditavam na ressurreição. Para estes, imortal mesmo era a alma. Que partindo de uma filosofia platônica, estava presa ao corpo. Por esta razão Paulo afirma que a ressurreição para os gregos era “loucura”

No antigo testamento encontramos sinais contundentes deste conceito. II Reis 13: 21 Fala de como o cadáver de um homem toca os ossos do profeta Eliseu ao ser jogado em sua cova e volta à vida. “Tanto que ele tocou os ossos de Eliseu, reviveu e se levantou sob seus pés”. Excetuando-se os saduceus que diferente dos fariseus, não acreditavam na imortalidade da alma, ressurreição, juízo final, ou até na existência de anjos ou espíritos. (Atos 23:6-8) O conceito de ressurreição permeia todo o novo testamento. Sem ele a nova aliança é esvaziada de sentido. O apóstolo Paulo em palavras icônicas afirma: Se Cristo não ressuscitou vã é nossa fé. (I co 15:17) O nosso credo apostólico que é nossa mais antiga confissão de fé, formulado por nossos mais antigos teólogos, já preconizava nos primeiros anos do cristianismo que Cristo “Foi crucificado, morto e sepultado; E ao terceiro dia, ressurgiu dos mortos”

Mais tarde teremos o embate da teologia liberal, que influenciada pelo racionalismo tentou esvaziar o cristianismo daquilo que ela considerava ser “linguagem mitológica”, rebatendo dentre tantas coisas o conceito de ressurreição. A teologia liberal morreu no tempo junto com sua ignóbil luta contra a ressurreição. Jesus era mais que um grande mestre. Jesus não era um “cara legal” você não crucifica caras legais, crucifica ameaças. Cristo ressuscitou! Nem toda catarse e psicose coletiva do mundo faria tantas pessoas morrerem por uma mentira.

A ressurreição, portanto, é reacionária. Ela milita e compete contras todas as expectativas do limbo mortal do esquecimento.
A ressurreição é o protesto contra a morte e todos seus agentes detentores. É tudo aquilo que se pode chamar de esperança. A partir da ressurreição de Cristo, luz e cores foram trazidas à vida monocromática em que vivíamos. A partir de um túmulo simples e de uma cruz romana como tantas outras, a vida irrompeu naquele domingo pela manhã, dando basta ao império da morte. Dizendo-nos que a esperança foi personificada em uma pessoa e que o túmulo não é mais o final da estrada. A ressurreição é o grito do cosmos e a ressignificação das tragédias existenciais. De que é possível superar a mais atroz das dores, de ser ouvido do mais profundo abismo.

Falar de ressurreição implica falar da vitória da vida sobre a morte. Implica do amor que supera o medo e da esperança que supera a dor. De que o túmulo finalmente foi vencido na manhã daquele domingo. E a partir dele o túmulo pode ser vencido todos os dias. Viva a ressurreição. Viva o Cristo ressurreto. Não mais buscamos dentre os mortos aquele que vive e que faz com que passemos da morte para a vida.

Pr. Valdinei Santana

O conceito de anjos no decurso da história

Nas tradições pagãs (algumas das quais influenciaram os judeus de tempos posteriores), os anjos eram, às vezes, considerados divinos, e outras vezes, fenômenos naturais. Eram seres que faziam boas ações em favor das pessoas, ou eram as próprias pessoas que praticavam o bem; tal confusão está refletida no fato de que tanto a palavra hebraica “mal’ãkh”, quanto a grega “angelos” têm dois sentidos. O significado básico de cada uma delas é “mensageiro”. Mas este mensageiro, (dependendo do contexto) pode ser um mensageiro humano comum, ou um mensageiro celestial, um anjo. Alguns, com base na teoria da evolução, fazem a ideia de anjos remontar ao início da civilização. “O conceito de anjos pode ter evoluído dos tempos pré-históricos quando, então, os seres humanos primitivos emergiram das cavernas e começaram a erguer os olhos aos céus… A voz de Deus já não era a rosnada da floresta, mas o estrondo do céu”. Segundo essa teoria, desenvolveu-se um conceito de anjos que servissem à humanidade como mediadores de Deus. O conhecimento genuíno dos anjos, no entanto, veio somente através da Revelação Divina.

Posteriormente, os assírios e os gregos deram asas a alguns desses seres semidivinos. Hermes tinha asas nos calcanhares. Eros, “o espírito voador do amor apaixonado”, tinha asas afixadas aos ombros. Num tom bastante divertido, os romanos inventaram Cupido, “o deus do amor erótico”, retratado como um garoto brincalhão que atirava flechas invisíveis para encorajar romances. Platão (cerca de 427- 347 a.C.) também falava de “anjos da guarda”. As Escrituras Hebraicas atribuem nomes a somente dois anjos: Gabriel, que iluminou o entendimento de Daniel (Dn 9.21-27), e o arcanjo Miguel, o protetor de Israel (Dn 12.1).

A literatura apocalíptica não-judaica posterior, tal como Enoque (105-64 a.c) também reconhecem que anjos ajudaram na promulgação da lei de Moisés. O livro apócrifo de Tobias (200-250 a.C.), porém, inventou um arcanjo chamado Rafael que, repetidas vezes, ajudou Tobias em situações difíceis. Realmente, só existe um arcanjo (anjo principal), que é Miguel (Jd 9). Mais tarde, Filo (20 a.C. à 42 d.C.), o filósofo judaico de Alexandria, no Egito, retratou os anjos como mediadores entre Deus e a raça humana. Os anjos, criaturas subordinadas, habitavam nos ares como “os servos dos poderes de Deus”. “Eram almas incorpóreas sendo totalmente inteligentes em tudo e possuindo pensamentos puros”.

Durante o período do Novo Testamento, os fariseus acreditavam que os anjos fossem seres sobrenaturais que, frequentemente, comunicavam a vontade de Deus (At 23.8). Os saduceus, todavia, influenciados pela filosofia grega, diziam: “não há ressurreição, nem anjo, nem espírito” (At 23.8). Para eles, os anjos não passavam de “bons pensamentos e intenções” do coração humano.

Nos primeiros séculos depois de Cristo, os pais da igreja pouco disseram a respeito dos anjos. A maior parte de sua atenção era dedicada a outros assuntos referentes à natureza de Cristo. Mesmo assim, todos acreditavam na existência dos anjos. Inácio de Antioquia, um dos primeiros pais da igreja, acreditava que a salvação dos anjos dependia do sangue de Cristo; Orígenes (182 – 251 d.C.) declarou a impecabilidade dos anjos, afirmando que, se foi possível a queda de um anjo, talvez seja possível a salvação de um demônio. Semelhante posicionamento acabou por ser rejeitado pelos concílios eclesiásticos; Já em 400 d.C., Jerônimo (347 – 420 d.C.) acreditava que anjos da guarda eram dados aos seres humanos quando do nascimento destes; Posteriormente, Pedro Lombardo (100 – 160 d.C.) acrescentou que um único anjo podia guardar muitas pessoas de uma só vez;  Dionísio, o Areopagita, (500 d.C.) contribuiu notavelmente para o estudo dos anjos. Ele retratou o anjo como “uma imagem de Deus, uma manifestação da luz oculta, um espelho puro, brilhante, sem defeito, nem impureza, ou mancha”; 

Semelhantemente Irineu, quatro séculos antes (130 – 195 d.C.), também construiu hipóteses a respeito de uma hierarquia angelical; Depois, Gregório Magno (540-604 d.C.) atribuiu aos anjos corpos celestiais.

Ao raiar do século XIII, os anjos passaram a ser assunto de muita especulação. O teólogo italiano Tomás de Aquino (1.225 – 1.274 d.C.) formulou perguntas muito relevantes a respeito. Sete das suas 118 conjeturas sondavam as seguintes áreas: a) De que se compõe o corpo de um anjo? Há mais de uma espécie de anjo? b) Quando os anjos assumem a forma humana, exercem funções vitais do corpo? c) Os anjos sabem quando é manhã e quando é entardecer? d) Conseguem entender muitos pensamentos ao mesmo tempo? e) Conhecem nossas intenções secretas? f) Têm capacidade de falar uns com os outros?

Mais descritivos foram os retratos pintados pelos renascentistas; representavam os anjos como “figuras varonis … crianças tocando harpas e trombetas, bem diferentes de Miguel, o arcanjo”. Retratos pintados com péssimo gosto como “cupidinhos gorduchinhos”, com muito colesterol, vestidos com pouca roupa, estrategicamente colocados, essas criaturas eram frequentemente usadas como friso artístico. O cristianismo medieval assimilou a massa de especulações, e, como conseqüência, começou a incluir a adoração aos anjos em suas liturgias, essa aberração continuou crescendo, levando o Papa Clemente X (1670 – 1676 d.C.) a decretar uma festa em homenagem aos anjos. A despeito dos excessos católicos romanos, o Cristianismo Reformado continuou a ensinar que os anjos ajudam o povo de Deus.

João Calvino (1509 – 1564 d.C.) acreditava que “os anjos são despenseiros e administradores da beneficência de Deus para conosco… Mantêm a vigília, visando a nossa segurança; tomam a seu encargo a nossa defesa; dirigem os nossos caminhos, e zelam para que nenhum mal nos aconteça”. Martinho Lutero (1483 – 1546 d.C.) em “Conversas à Mesa”, falou em termos semelhantes. Observou como esses seres espirituais, criados por Deus, servem à Igreja e ao Reino. Eles ficam muito perto de Deus e do cristão. “Estão em pé diante da face do Pai, perto do sol, mas sem esforço vêm rapidamente socorrer-nos”.

Na Era do Racionalismo (cerca de 1800 d.C.), surgiram graves dúvidas contra a existência do sobrenatural; os ensinamentos historicamente aceitos pela Igreja começaram a ser reexaminados. Como consequência, alguns céticos resolveram chamar os anjos “personificações de energias divinas, ou princípios bons e maus, ou doenças e influências naturais”.

Já em 1918, alguns eruditos judaicos começaram a ecoar a voz liberal, afirmando que os anjos não eram reais, pois eram desnecessários. “Um mundo de leis e de processos não precisa de uma escada viva para levar-nos da Terra até Deus, nas alturas”. Isso não abalou a fé dos evangélicos conservadores que continuam a confirmar a validade dos anjos.

Autor: Stanley Horton – Teologia-Sistemática

Quem foi Isaltino Gomes Coelho Filho?

Isaltino Gomes Coelho Filho

Pastor Isaltino Gomes Coelho Filho nasceu no dia 10 de fevereiro de 1948, no Bairro de Tomaz Coelho, Rio de Janeiro, RJ.
Foi batizado pelo Pastor João Falcão Sobrinho na Igreja Batista de Acari RJ, no dia 10 de fevereiro de 1963 ao completar 15 anos. Recomendado pela Igreja que o batizou estudou no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, de 1968 a 1971, turma que teve como Patrono o Pastor Francisco Fulgêncio Soren (talvez numa homenagem a seu centenário de nascimento), e como orador o Pastor Joaquim de Paula Rosa. Entre seus contemporâneos no Seminário mencionamos Antônio Joaquim de Matos Galvão, Osvaldo Ferreira Bonfim, Levy Barbosa da Silva, missionários de Missões Mundiais; Hélio Schwartz de Lima; Eduardo Azevedo de Carvalho; João Brito da Costa Nogueira e tantos outros.
Foi consagrado ao ministério pastoral no dia 25 de novembro de 1971 no templo da Igreja Batista de Acari, atendendo solicitação da Primeira Igreja Batista de Marília, SP. Presidiu a reunião o Pastor Josias Cardoso Machado e secretariou o Pastor Misael Leandro. Participaram ainda do concílio os pastores João Falcão Sobrinho, convidado para ser o orador da solenidade; missionário Oscar Martin, que fez a
oração consagratória; Paulo Roberto Sória, Examinador Geral; Mood Vieira Moutinho que fez a entrega da Bíblia. Além do curso de bacharel em Teologia e Filosofia, foi diplomado no mestrado em Teologia, Metodologia do Ensino e Psicanálise Clínica. Começou seu ministério pastoral no Estado de São Paulo na
Primeira Igreja Batista de Marília na cidade de mesmo nome. Pastoreou, ainda no estado de São Paulo, a Igreja em Edu Chaves, a Igreja Batista do Cambuí em Campinas e a Igreja Batista do Calvário em Santos. Em Brasília, organizou a Igreja Batista da Quadra Dois de Sobradinho. No Amazonas, pastoreou a Primeira de Manaus e organizou a Igreja Batista de Gileade. No Amapá, seu último campo de trabalho, pastoreou a Igreja Batista Central de Macapá e, junto à Convenção Batista do Amapá, preparou obreiros para aquele campo.
Na Convenção Batista Brasileira foi duas vezes membro da Junta de Educação Religiosa e Publicações (JUERP), de 1988 a 1993 e de 1995 a 1999. Foi Presidente da Associação Brasileira de Instituições de Ensino Teológico, ABIBET. Foi um dos conferencistas mais usados nos encontros da ABIBET. Em Brasília além de pastorear foi Diretor Acadêmico e depois Diretor Geral da Faculdade Teológica Batista de Brasília, de 9 de junho de 1986 a 25 de junho de 1995; Participou da Assembleia da Convenção em 1989 como Orador Oficial.
No Amazonas atuou como Professor de Homilética no Seminário Teológico Batista e como Presidente da Convenção em 1995 e 1996. Foi orador oficial da assembleia da Convenção em 1994. Foi colaborador d’O Jornal Batista desde a década de setenta até os nossos dias, passando pelos diretores José dos Reis Pereira, Nilson Dimarzio; Salovi Bernardo e Sócrates Oliveira de Souza. Seu último artigo no Jornal
Batista, na seção “Da foz do grande rio” foi “O jogo de cena da visita do Papa”, em 18 de agosto de 2013. Escreveu estudos para as revistas da Junta de Educação Religiosa e Publicações (JUERP), na área da Escola Bíblica Dominical. Escreveu para revistas específicas na área de Administração e Música. Depois do ex- padre Anibal Pereira Reis foi o batista que mais produziu livros, acompanhado de perto pelo Pastor Israel Belo de Azevedo e seguido pelos pastores Ebenézer Soares Ferreira, João Falcão Sobrinho e Antônio Neves de Mesquita. São os nossos best-sellers. A relação de livros do Pastor Isaltino chega a 44 livros.
O pastor Isaltino é autor das letras dos hinos: “Oração de Confiança” e “Cristo, o Bom Pastor” musicados por Toninho Zemuner.
O Pastor Isaltino, casado com Meacir Carolina Frederico Coelho, tiveram dois filhos: Beny Gomes Coelho e Nelya Werdan Frederico Coelho Nishida e adotaram outra filha, que como médica, por ocasião da sua enfermidade o recebeu em Campinas, SP.

O Pastor Isaltino Gomes Coelho Filho descansou no Senhor no dia 1º de outubro de 2013 com 65 anos de idade e foi sepultado, no dia seguinte, no Cemitério Flamboyant, na cidade de Campinas, SP.
Meacir Carolina Frederico Coelho

A Adoração e a Proclamação

(Palestra apresentada à Associação Batista dos Músicos do Brasil)

INTRODUÇÃO
Da palestra passada não se deve inferir que advogo uma Igreja alienada, ensimesmada, enfurnada em quatro paredes, cantando “somos um pequeno povo mui feliz” enquanto o mundo lá fora está arrebentando por todas as juntas, numa frase de Sartre. Se o Programa de Educação Religiosa dá o cultuar a Deus como a primeira missão da Igreja, declara que a segunda missão é “anunciar as boas-novas”.
Vou usar o termo proclamação para esta segunda missão, que é a evangelização. É preciso também defini-la. É mais que pedir aos homens para aceitarem a Jesus como Salvador. Diga-se que esta construção de palavras, “aceitar Jesus como Salvador”, não consta do Novo Testamento. A chamada neotestamentária é para submeter-se a Cristo como Senhor.
A proclamação é o anúncio dos atos de Deus em Cristo. Paulo sintetizou isto de forma admirável em 2 Coríntios 5.19: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo”. Foi isto que Deus fez em Cristo. É isto que a Igreja deve anunciar.
A missão da Igreja junto ao mundo é mais que promover a fraternidade entre os homens. Voltemos a Paulo, desta vez em 5.20: “…rogamo-vos, pois, por Cristo, que vos reconcilieis com Deus”. A Igreja chama o mundo a aceitar a reconciliação com Deus, proposta que ele já fez na pessoa de Jesus Cristo.
Juntemos as pontas até agora. A adoração é a missão primeira da Igreja em termos gerais,. É a linha vertical da missão da Igreja. A proclamação é a segunda missão da Igreja em termos gerais, mas é a primeira na linha horizontal, na direção do mundo. Vertical e horizontal fazem a cruz, que tem estas duas linhas. Se faltar uma delas, a cruz não existe. A Igreja é uma comunidade profundamente marcada pela cruz. É uma comunidade marcada pelas linhas horizontal e vertical. Sua missão tem também uma dimensão horizontal e outra vertical. Se ela viver enclausurada em adoração, só na dimensão vertical, isso pouco ajudará ao mundo. Se se dirigir ao mundo (a dimensão horizontal) sem o poder que a comunhão com Deus pela adoração outorga ao homem, isso será uma missão fadada ao fracasso. Só uma Igreja que vive na presença de Deus conseguirá mostrar Deus ao mundo. Como comunidade marcada pela cruz, a Igreja se dirige a Deus e ao mundo. Tem uma missão vertical e uma horizontal. Ela adora a Deus, sua razão primeira de ser. Ela proclama a reconciliação aos homens, consequência do seu conhecimento de Deus.

  1. A Relação Igreja e Mundo
    Já vimos a relação entre a Igreja e Deus, na preleção passada. Veremos agora a relação entre a Igreja e o mundo. Ela está no mundo, mas não se mancomuna com ele. Vive numa tensão, estar, mas não ser. Está aqui, mas não é daqui. E está aqui com uma missão, que chamei de missão horizontal: a de proclamar o evangelho. Duas questões devem ser aqui levantadas. A primeira é o que entendemos por evangelho. É evidente que aqui não me refiro ao estilo literário encontrado na Bíblia, mas ao seu conteúdo. A segunda é o que entendemos por proclamação.
  2. O Conteúdo do Evangelho
    O conteúdo do evangelho pode ser deduzido desta declaração do Pacto de Lausanne, ao falar sobre o que é evangelizar: Evangelizar é difundir as boas novas de que Jesus Cristo morreu por nossos pecados e ressuscitou segundo as Escrituras, e de que, como Senhor e Rei, ele agora oferece o perdão dos pecados e o dom libertador do Espírito a todos que se arrependem e crêem. A definição é sobre o que é evangelizar, mas caracteriza bem o conteúdo do evangelho. E mostra o que é proclamação. A encarnação de Deus em Cristo, sua morte vicária, sua ressurreição, o perdão oferecido e o Espírito que é dado aos arrependidos que crêem. Proclamar as boas-novas é dizer isto.
    Por que comecei com algo tão óbvio? Acho que meu raciocínio é muito cartesiano e por isso gosto de começar do mais elementar para construir a argumentação. Mas é que há hoje muita proclamação equivocada, oferecendo riqueza, cura, apoio da parte de Deus, mas sem falar em necessidade de arrependimento, de perdão de pecados, da morte de Cristo na cruz. Dirá alguém: “Ótimo, diga isso aos pregadores”. Ah, sim, sempre digo. Mas devo dizer também aos músicos que usam um instrumento tão poderoso como a música para a proclamação. O conteúdo de nossos hinos e de nossos cultos deve realçar fortemente um conceito correto do evangelho. O que me prendeu primeiro à Igreja foi a música. Quando entrei pela primeira vez numa igreja evangélica, ouvi o coro cantar dois hinos: “Eis vede que o Cordeiro de Deus sobre a cruz morreu em meu e em teu lugar” e “No Monte das Oliveiras Jesus orou dizendo..”. Não entendi completamente a mensagem pregada porque não dispunha de capacidade para acompanhar um discurso religioso por meia hora. Faltavam-me os elementos para fazer as conexões mentais necessárias. Entendi que se tratava de algo que eu não tinha e de que precisava, por isso voltei nos domingos seguintes e volto até o dia de hoje, mais de trinta anos depois. Mas a música, com sua facilidade de comunicar uma mensagem, de repetir refrões, ficou na minha mente. O que me alcançou primeiro foi a mensagem correta dos hinos que ouvi. Depois, a mensagem correta da Palavra, que o Pr. Falcão Sobrinho sempre pregou, que me alcançou. Aliás, até hoje, meu conteúdo teológico é pietista, o que herdei dele.
    O que estou dizendo é da extrema necessidade de teologia correta em nossos cânticos e de comunicação eficiente nas nossas letras. A Igreja não deve apenas pregar uma mensagem ortodoxa, mas deve cantar também hinos ortodoxos. Num culto de proclamação, os hinos não são para amolecer os corações ou para criar um clima emotivo. Os hinos devem comunicar uma mensagem. Creio que todos já tivemos a experiência de uma audição ou cantata apresentada por um coro ou um culto musical, e depois, quando feito o apelo, sucederam várias decisões. A música não é um apêndice ou um componente da proclamação. Ela também proclama e isso deve ser levado em conta, no tocante ao conteúdo e à escolha dos hinos. A Igreja não apenas prega para o mundo, ela também canta para o mundo. E, por vezes, o mundo ouve mais o que a Igreja canta do que o que ela prega.
    Acho que isso nos abre um leque para algumas considerações.
  3. O Conceito de Proclamação
    Já deixei antecipado alguma coisa sobre a proclamação no tópico anterior. Nem sempre se separam bem os argumentos. Vou começar aqui com uma história triste, que deveria ser engraçada. Ou engraçada, que deveria ser triste. A ótica vai ser sua. Dizia-me um seminarista, filho de pastor, que na igreja do seu pai, a linha dos sermões era bem definida. De manhã, o sermão era doutrinário. O pastor falava mal dos pentecostais. À noite, o sermão era evangelístico. O pastor falava mal dos católicos. Tirando o exagero da história, fica a pergunta: existe esta linha tão bem definida, de que o culto evangelístico é para os não crentes? Quando se pensa assim, a proclamação passa a ser uma recitação de frases feitas, tipo “Deus te ama”, “Jesus salva”, “Vem agora porque um ônibus pode te atropelar na saída do culto e amanhã será muito tarde”, etc. Um conteúdo banal e irrelevante, no sentido de acréscimo à vida dos crentes.
    Volto ao Programa de Educação Religiosa. Ele é como a Constituição: tem valor, mas poucos o conhecem. Diz ele sobre o anúncio das boas-novas (que estou chamando de proclamação): Anunciar o evangelho significa comunicar tudo o que Deus fez através de Jesus Cristo para a salvação do ser humano. É colocar as pessoas frente a frente com as boas-novas da redenção outorgada por Deus por meio de Cristo. É a evangelização. E, na seqüência imediata, para o que chamo a sua atenção, o seguinte: Não é somente anunciar as boas-novas aos incrédulos, mas também ajudar os crentes a dissiparem suas dúvidas, até que todos cheguem “à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Efésios 4.13).
    A proclamação não é recitação de chavões, mas é o ensino da teologia da salvação, o que os teólogos, pomposamente chamam de soteriologia. Um culto de proclamação não apenas coloca os não crentes diante da graça de Deus oferecida em Cristo, mas firma no crente suas convicções sobre sua decisão, ajuda a aumentar seu conhecimento sobre a obra de Cristo, dá mais elementos para sua capacitação no testemunho.
    Vejamos o papel da música aqui. É evidente que, para pessoas sem conhecimento do evangelho, sem elementos evangélicos em sua mente, a letra deverá ser simples (o que não significa ser banal ou fraca) e comunicar alguma coisa. Sem apedrejar ninguém: fui pregar num culto jovem, com propósito de evangelizar jovens. Cantamos apenas corinhos. Mas o ritmo se sobrepunha à letra. Era tão agitado e tão instrumental (no sentido de que os instrumentos apareciam mais que a mensagem) que nada comunicava. Não se ouvia a letra, mas apenas os instrumentos. E a letra se perdia num ritmo muito rápido, não podendo ser assimilada. Quando chegou a hora da pregação, defrontei-me com um auditório cansado, agitado, mas sem nenhum elemento evangélico assimilado. Os jovens estavam muito bem intencionados, mas mal orientados. A música evangélica, naquela noite, não pregou, e serviu para cansar. Pareceu-me, até, que atrapalhou. A reflexão que o sermão poderia trazer se perdeu porque o auditório estava excitado e sem condições de pensar.
    A proclamação deve ser compreensível. Não é apenas o sermão, mas os hinos. Deve haver compatibilidade entre letra e música. Se o ritmo não favorece a mensagem comunicada pela letra, haverá prejuízo. Deve haver, também, compatibilidade entre ritmo e propósito. Quando estudei Publicidade, um dos pontos que me foram mostrados foi o uso da música para vender. Observem que em supermercado a música não é lenta, para favorecer a reflexão. É agitada exatamente para que as pessoas não pensem e ajam sob a influência de cores, formas, luzes e exposição de objetos. É para induzir à compra. Há uma música para supermercado. Há uma música para um restaurante de luxo, com jantar à luz de velas, onde o desejo é que o casal tome um champanhe, que é mais caro que uma cerveja. O ritmo funk num restaurante de luxo, frequentado por pessoas abonadas, frustrará o propósito do restaurante. Não se consumirá.
    Não estamos querendo manipular pessoas, mas querendo mostrar que há um poder na música que as pessoas nem sempre relevam. Para mim aqui reside o grande problema. Seja por pressão, seja para manter os jovens aquietados, boa parte dos pastores está deixando a música na Igreja nas mãos de moços bem intencionados, mas desconhecedores do poder da música, dos estilos e a sua relação com os tipos de mensagens, de teologia (quanta barbaridade se canta por aí) e de português (Camões teria um ataque apoplético se entrasse em algumas de nossas igrejas).
    A música proclama através de uma teologia correta, de uma adequação entre mensagem e veículo, ou seja, entre conteúdo e forma. Nestes pontos ela precisa ser muito bem ajustada.
    Fugi um pouco da linha de pensamento. Voltemos a ela: a música comunica não apenas aos incrédulos, mas aos crentes. Para isso precisamos de hinos consistentes, que tragam uma mensagem com conteúdo. Não sou músico, mas sou pregador e dirijo cultos. Neste sentido, em minha ótica, quero dar como exemplo do que estou dizendo o hino 447, do HCC, “Mas Eu Sei em Quem Tenho Crido”. A letra é um testemunho admirável, consistente, de teologia correta, de vida cristã piedosa e casada com uma música adequada. É um hino que comunica ao não crente, e da mesma forma, é um alento extraordinário para o membro de Igreja. Da mesma forma, o hino 262. Observem nele uma teologia correta extremamente contextualizada, porque trata da angústia do homem moderno, de solidão, de medo do futuro. Vejam que a música é muito bem encaixada porque induz à reflexão. Imaginem, agora, uma letra desta, reflexiva, induzindo à auto-análise, acoplada a um ritmo agitado. Observe também que, além de evangelístico, de proclamar, o hino é confortador. Sua mensagem trata de realidades que nós, membros da Igreja, também enfrentamos.
    Uma síntese deste ponto: proclamação não é chavão. Alcança também o convertido. E o casamento letra e música é indispensável para alcançar o propósito de comunicar.
  4. Uma Questão Necessária: A Forma.
    Ao encerrar o primeiro ponto disse eu que aquilo nos abria um leque. Um dos grandes problemas hoje é a forma. Em alguns momentos, ela é sobreposta ao conteúdo. O ritmo fala mais alto que a letra. Qual é a forma correta?
    Voltemos ao que citei na ocasião: A música não é um apêndice ou um componente da proclamação. Ela também proclama e isso deve ser levado em conta, no tocante ao conteúdo e à escolha dos hinos. A Igreja não apenas prega para o mundo, ela também canta para o mundo. É preciso distinguir bem entre o que nos comunica e o que comunica ao mundo. Creio que acontece com os músicos batistas o mesmo que acontece com os pregadores saídos de seminários. Saímos com uma fraseologia, com um tecnicismo que pode ser bom ou desastroso, com uma determinada visão até mesmo elitista.
    “O processo soteriológico tem sua gênese concretizatória no drama do Calvário” significa isso: o plano de salvação culminou na cruz. Vou mexer em vespeiros, mas vamos lá. Conto com sua misericórdia. Para nosso povão, o que significa boa parte da música sacra clássica? Podem até achar interessante, mas quanto comunicará? Contava um professor de Homilética de um pregador enfiado num terno preto, com colete e tudo, Bíblia na mão, pregando numa favela do Rio: “Ó vós que passais e me ouvis a prédica”. E dizia o professor: “Vós, coisa nenhuma. Meia dúzia de gatos pingados, de sandália de dedo, bermuda e sem camisa. É tu, você, ô cara”. Descontado o aspecto cômico, há verdade aí.
    Passei por algo semelhante quando pastoreava no interior de S. Paulo. Num culto em Jaú, na Fazenda Barro Vermelho, dos Almeida Prado, não pude pregar. Inflamação das amígdalas. Minha esposa contou história para os ouvintes, com flanelógrafo e figuras. Acabado o culto, disse-me um dos bóia-frias: “Pastor, num prega mais pra nós, não. Quando o senhor fala nós num entende nada. Quando sua muié fala, nós entende tudo. Deixa ela pregar”. Era o meu tecniquês teológico o grande obstáculo. E eu pensava que estava abafando.
    O que o mundo a quem estamos proclamando, canta? Conheço igrejas indígenas. Não sei quanto o “Dai Louvor”, de Mendelsohn, significará para elas. Talvez pouco. Mas sei que músicas no seu alcance cultural significará muito. E se alguém pensa que isso significa tambores, tantãs, barulho infernal, danças, está equivocado. O ritmo, das igrejas que conheço, é até lento. Mas comunica-lhes porque é na sua cultura. A mim, enfada. A eles, fala muito.
    Não vou ensinar missa ao vigário, mas os irmãos sabem muito bem que boa parcela de nossas músicas sacras foi importada de outra cultura e aqui sacralizada por seu casamento com uma letra evangélica. Para nós, acostumados com o cenário evangélico, há muita comunicação. Para outros, não. Um padre, que se convertera ao evangelho em Brasília, conversando comigo uma vez disse: “É impressionante como os hinos evangélicos refletem a cultura musical americana. Se fechar os olhos e ignorar a letra, posso pensar que estou no Meio-Oeste norte-americano”. Se há uma coisa pela qual me bato é pela teologia tupiniquim, pela eclesiologia tupiniquim, pela música tupiniquim. Dirá alguém que a teologia, por ser bíblica, é uma só, universal. A declaração não reflete a realidade e não penetra na profundidade das coisas. Temos livros sobre aconselhamento pastoral, sobre ética e sobre eclesiologia que mostram um enorme desconhecimento do que seja nossa realidade. Nossa própria formação teológica, nossa estrutura de seminários, é de países ricos e não de país pobre. Sou a favor de uma ampla tupiniquinização batista, sem xenofobia, mas tupiniquinização, sim.
    Devemos proclamar em nossa cultura, em nosso contexto, em nossa linguagem, em nossa musicalidade, tendo discernimento espiritual (temos o Espírito Santo) sobre o que fazer e o que não fazer.
    À guisa de conclusão
    Cada vez que relia esta palestra, mais a sentia incompleta. Fiquei um pouco aflito porque notava que falta algo para dizer. Mas consegui me entender (tarefa um pouco difícil). Receei-me de dizer aquilo que os irmãos já sabem e sabem melhor do que eu, na sua área. E estou falando de matéria atinente à sua área. Precisava apenas acrescentar minha ótica, a ótica pastoral. Depois de reler mais de uma vez, achei que tinha dito o que deveria ter dito. A questão, a partir daqui, é ajuntar a sua bagagem cultural na área de música com minhas reflexões pastorais. Somando as duas partes, pensar um pouco e verificar como a música pode ser mais bem empregada na proclamação. Aí creio que chegaremos a algum ponto.
    Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

Comentários sobre o Templo de Ezequiel

O capítulo 40 dá início à parte do livro de Ezequiel que descreve em detalhes os edifícios e os serviços do templo renovado e apresenta um layout da nova cidade e da terra em um Israel restaurado. 

À medida que a visão começa no capítulo 40 vários pontos introdutórios principais são apresentados. A visão é recebida no Dia da Expiação (22 de outubro de 573 aC), próximo ao fim do ministério de Ezequiel. Esse era o dia solene em que, anualmente, o santuário era purificado. Além da purificação do santuário, Ezequiel tem uma visão poderosa do novo e melhorado templo restaurado. A localização deste templo em uma montanha alta nos dirige a atenção para o Monte Sinai, onde a Lei e o modelo do tabernáculo foram dados originalmente. Neste monte um profeta anterior, Moisés, foi o porta voz de Deus que transmitiu ao povo os detalhes de como o tabernáculo do deserto deveria ser construído e agora Deus pede a Ezequiel que também seja o seu porta voz. 

Quando Ezequiel recebe a visão ele é instado a prestar muita atenção e fixar sua mente sobre os detalhes da visão porque sua tarefa é relatar tudo o que vê para o povo de Israel. Cativo na Babilônia e longe de sua amada Jerusalém e do templo, o povo de Israel precisa ser inspirado pela esperança. Eles precisam ouvir e ver esta imagem vívida acerca do que Deus quer fazer no futuro para eles. 

Quando olhamos para a nossa própria situação no mundo, precisamos deixar que Deus nos inspire com sua visão de um novo céu e uma nova terra que Ele tem reservado para nós.

Jon Dybdahl
Universidade Walla Walla, EUA 

Texto original: http://revivedbyhisword.org/en/bible/eze/40/

Comentários Bíblico Adventista do Sétimo Dia – CBASD:

Os cap. 40 a 48 constituem uma única profecia, de caráter singular, conforme descrito no volume 4, página 787, do CBASD, a saber:

Esta visão é tríplice. A primeira parte revela o Templo ideal, cap 40-42, no qual as aspirações espirituais do povo de Deus se simbolizam pela arquitetura. A segunda parte, o Culto ideal, cap 43-46, no qual participam a glória de Deus,  o ministério dos sacerdotes, a contribuição do povo, e os ritos presididos pelo sumo sacerdote e pelo príncipe. A terceira parte revela a Nação ideal, cap 47-48, que tanto física como espiritualmente tem sua vida ao redor do culto no templo, de onde extrai sua alimentação, seu refrigério e sua inspiração. Bíblia Shedd.

Muitas interpretações tem sido dadas para a última visão de Ezequiel, incluindo (1) a visão literal, na qual este templo deveria ser realmente colocado em operação algum tempo depois do retorno de Israel do exílio; … (2) a futurista …; e a alegórica. … As evidências se ajustam melhor na visão literal, interpretada de acordo com os princípios dos cap. 38-39. A visão teria se cumprido literalmente pelo Israel histórico após seu retorno do exílio babilônico, se o povo, como nação, tivesse sido fiel em reclamar as promessas divinas feitas a eles a respeito de uma reforma espiritual. Andrews Study Bible.

É razoável supor que, para convencer o povo da certeza da promessa [do recomeço e da restauração], Deus tenha orientado o profeta a traçar uma planta exata do templo que devia ser o centro do culto da nova nação. Deus poderia simplesmente dizer ao povo que, no futuro, o templo deles seria reconstruído, mas isso seria um anúncio vago. Não haveria dúvidas quanto às intenções divinas se fossem apresentados cuidadosamente todos os detalhes da construção e do ritual. CBASD, vol. 4, p. 788.

1 no princípio do ano. Do heb. rosh hashanah, “cabeça do ano”. … É interessante notar que esta é a única ocorrência na Bíblia da frase rosh hashanah, nome que ainda hoje é dado pelos judeus ao Ano Novo, o dia 1º de tisri. CBASD, vol. 4, p. 787.

décimo dia. O décimo dia do sétimo mês é o Dia da Expiação. Ezequiel recebeu a visão de um santuário purificado/restaurado no mesmo dia em que o santuário era purificado anualmente (Lev 16). Andrews Study Bible.

3 um homem. Um anjo igual àqueles que tiveram o encargo de destruir o antigo templo profanado pela idolatria (9.2). Bíblia Shedd.

cordel. Usado para grandes medidas (47.3). Bíblia Shedd.

6-17 O que se deduz de tais medidas é a ordem, a decência e a simetria da casa de Deus;. Bíblia Shedd.

43 oblação. Heb korban, uma oferta voluntária (Mc 7.11). Bíblia Shedd.

46 filhos de Zadoque. Ezequiel distingue claramente entre os levitas em geral (muitos dos quais tinham serviços nos ritos do paganismo, Jz 17.7-13) e os descendentes do sumo sacerdote fiel, que servia nos tempos de Salomão (1 Rs 1.31-40). Os motivos para a distinção se dão em 44.10-16. Bíblia Shedd.

Informações colhidas no site: http://reavivadosporsuapalavra.org

“Estas imagens foram colhidas na Bíblia Revista e Atualizada de João Ferreira de Almeida, publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil, Barueri – SP.”

Uma igreja velha! Quero uma igreja velha!

UMA IGREJA VELHA! QUERO UMA IGREJA VELHA!

“Intolerâncias” é o título de artigo de Mauro Santayana, no “Jornal do Brasil”, de 12 de outubro. Começa assim: “Um fiel ‘desequilibrado’ da Assembléia de Deus apedrejou a imagem de Nossa Senhora, durante a procissão do Círio de Nazaré, em Belém. O ‘bispo’ da Igreja Universal do Reino de Deus, Sérgio Von Helder, esmurrou e chutou a imagem de Nossa Senhora Aparecida, em programa de televisão visto por milhões de pessoas, faz dez anos hoje – e não era desequilibrado”.
Santayana segue: “Há mais ou menos um mês, outro ‘desequilibrado’ matou, a enxadadas, seus velhos patrões, um casal de japoneses, em chácara de Brasília. De acordo com as testemunhas, o assassino, convertido há alguns meses à mesma Igreja Universal, sentiu-se incumbido, pelo pastor, de ‘retirar os demônios’ do corpo dos anciãos.
Atemorizados, os patrões o despediram. Matou primeiro a patroa, e depois o patrão, a pedradas e a enxadadas, gritando que o fazia ’em nome do Senhor’. A Polícia fechou a igreja local”.
Não me direciono, aqui, contra a Universal. Creio serem coincidências os episódios em que ela é citada. A questão é outra. No passado, éramos chamados de “crentes” e éramos respeitados. Eu tinha 16 anos, trabalhava num escritório, na 7 de Setembro, no Rio. Numa noite, roubaram o cofre da empresa. A polícia veio investigar. Fim do expediente, eu precisava sair porque estudava. Um policial disse: “Deixa o menino ir. Ele é crente e crente não faz isso”.
Não era eu, como pessoa. Eram os crentes. Acima de suspeita. Depois viramos “evangélicos”. Alguns são “gospel”. Ora, vão para os Estados Unidos! Mas quando éramos respeitados, o caráter era trabalhado em nossas igrejas.
A ênfase mudou. Passou a ser o poder espiritual. Daí para o poder material e político foi um passo, porque não era o quebrantamento espiritual, mas poder espiritual para dominar. Nesta busca de poder, o que nos limitava foi posto de lado, pouco a pouco, a Bíblia. Porque ela estabelece padrões e limites.
Foi substituída por uma enxurrada de revelações, de profecias, de era do Espírito, onde líderes nem sempre sensatos fogem ao controle das Escrituras e ditam sua visão pessoal como palavra divina. O senso crítico se esvaiu. De pastor passou-se a bispo. De bispo a primaz. De primaz a apóstolo. De apóstolo a pai apóstolo. Uma megalomania que evidencia desequilíbrio gravíssimo. Como há desequilibrados em nossas igrejas! O evangelho produz saúde, não doença! Quem chama à sanidade espiritual emocional é frio, ressentido porque o rebanho não cresce.
A ética cedeu à celebração. Vale mais o culto festivo que o culto reflexivo, de análise da vida diante de Deus, de conserto, de afirmação de valores.
O narcisismo é chocante. Pasmei num congresso em que preguei. Um típico programa de auditório: música pauleira e manipulação. A entrada do cantor em palco foi doentia. Luzes apagadas, rufar de instrumentos, luzes sobre ele, de cabeça baixa, até levantá-la em ar triunfal. E a gritaria. Senti-me fisicamente mal. E envergonhado. Não foi isso que
aprendi na Bíblia.
A Convenção Batista Brasileira, em excelente documento, pede um Brasil novo, à luz dos gravíssimos casos de corrupção no país. Mas junto com o Brasil novo precisamos clamar por “uma igreja velha”. Uma igreja velha, sim.
Uma igreja antiga. Uma igreja em que a Bíblia seja pregada, em que a crença no poder do Espírito para fazer a obra crescer nos leve a prescindir de atos desonestos, de manipulações e de extorsão na contribuição.
Uma igreja velha em que evangelizemos, e não agridamos. Em que aceitemos o crescimento dado pelo Espírito, e não o de “marketing”. Uma igreja velha, onde caráter seja mais importante que os nomes de figurões usados para adornar a igreja.
Uma igreja velha em que o evangelho não ceda lugar à convivência amiga, sem contestações e sem exigências, “porque precisamos atrair as pessoas”. Uma igreja velha que pregue Jesus e não política.
E que não chame de “alienados” os que pregam que “Jesus salva” e que só Jesus pode mudar o mundo. Que minha igreja, que aprendi a amar, seja uma igreja velha. Cheia de “crentes” e não de “gospéis” (céus!).
Se ela não quiser, este pastor maduro, que se sente “velho”, terá que buscar uma “igreja velha”. Mas está tão difícil achar crentes “velhos” e “igrejas velhas”!

Isaltino Gomes Coelho Filho

O nome Talita

Em Mateus 9:23-26, 4 versículos relatam a história da filha do Chefe da Sinagoga, vejam:

23 Quando Jesus chegou à casa daquele chefe, e viu os tocadores de flauta e a multidão em alvoroço,
24 disse; Retirai-vos; porque a menina não está morta, mas dorme. E riam-se dele.
25 Tendo-se feito sair o povo, entrou Jesus, tomou a menina pela mão, e ela se levantou.
26 E espalhou-se a notícia disso por toda aquela terra.

Quem foi José do Egito?

Quem foi José do Egito?

José do Egito, como ficou conhecido é o penúltimo dos filhos de Jacó, neto de Isaque e bisneto de Abraão e Sara.

Assim, José é hebreu. Sua mãe se chamava Raquel. Quando e nasceu seu pai (Jacó) trabalhava para o seu tio (tio de Jacó) chamado Labão. Jacó foi para as terras de seu tio fugindo da ira de Esaú que queria matá-lo porque havia recebido a bênção de seu pai Isaque, enganando o velho se fazendo passar por Esaú. Por isso fugiu e foi morar com Labão, que era irmão de sua mãe que se chamava Rebeca. Lá, Jaco se apaixonou pela prima chamada Lea, mas na noite de núpcias Labão entregou a Jacó para desposar a filha mais velha, porque era tradição casar-se primeiro a mais velha, assim Jaco foi enganado e dormiu com a mulher errada, quando descobriu tudo, era marido de Raquel que deu à luz mais tarde a José. Jacó havia trabalhado sete anos para adquirir o direito de desposar Léa. Labão não deixou por menos. Para ele ter o amor de sua vida – Lea, teve que trabalhar mais sete anos.

Jacó enquanto esteve com seu tio Labão, teve filhos com Raquel, com Lea e com as duas empregadas de suas mulheres, com a anuência destas, no total de sete. Vamos parar com a história do pai e voltar para a do filho.

Jacó era louco por este filho que era o mais novo. Quando já era um jovem, José sonhou que seus 10 irmãos tinham feixes de lenha sobre as suas cabeças e todos feixes se inclinavam diante de seu feixe. Este sonho deixou os seus irmãos perturbados e morrendo de raiva de José, porque perceberam que José estava dizendo que eles todos se inclinariam perante ele (José). Depois de José, Raquel deu a luz a mais um filho de Jacó, que se chamou de Benjamim.

José com dezessete anos costuma espionar os seus irmãos mais velhos e trazia notícias para seu pai, veja:

Gênesis 17:2

“Estas são as gerações de Jacó. José, aos dezessete anos de idade, estava com seus irmãos apascentando os rebanhos; sendo ainda jovem, andava com os filhos de Bila, e com os filhos de Zilpa, mulheres de seu pai; e José trazia a seu pai más notícias a respeito deles.”

José, era o filho que Jacó mais amava, veja:

Gênesis 17:3

“Israel amava mais a José do que a todos os seus filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica de várias cores.”

Por causa dos relatos de José e seus sonhos os irmãos o odiavam mais e mais, veja:

Gênesis 17:5

“José teve um sonho, que contou a seus irmãos; por isso o odiaram ainda mais.”

José sonhava muito, veja:

Gênesis 17:9

“Teve José outro sonho, e o contou a seus irmãos, dizendo: Tive ainda outro sonho; e eis que o sol, e a lua, e onze estrelas se inclinavam perante mim.”

Assim, Jacó pediu que José fosse ver como estavam seus irmãos, e estes se aproveitaram quando José apareceu, para descarregarem o seu ódio contra ele (José). Tomaram a túnica que seu pai costurou e queriam matá-lo mais um de seus irmãos não o permitiu e deixou que jogassem ele em um poço profundo para morrer, veja:

Gênesis 37:28

“Ao passarem os negociantes midianitas, tiraram José, alçando-o da cova, e venderam-no por vinte siclos de prata aos ismaelitas, os quais o levaram para o Egito.”

No Egito José foi vendido a Potifar, veja:

Gênesis 37:36

“Os midianitas venderam José no Egito a Potifar, oficial de Faraó, capitão da guarda.”

Gênesis 39:1

“José foi levado ao Egito; e Potifar, oficial de Faraó, capitão da guarda, egípcio, comprou-o da mão dos ismaelitas que o haviam levado para lá.”

Lá no Egito ia tudo bem e tudo que José fazia dava certo e Potifar o colocou como mordomo de sua casa.

Gênesis 39:5

“Desde que o pôs como mordomo sobre a sua casa e sobre todos os seus bens, o Senhor abençoou a casa do egípcio por amor de José; e a bênção do Senhor estava sobre tudo o que tinha, tanto na casa como no campo.”

José era bonito e tinha o corpo bem feito, veja:

“Potifar deixou tudo na mão de José, de maneira que nada sabia do que estava com ele, a não ser do pão que comia. Ora, José era formoso de porte e de semblante.”

A mulher de Potifar se apaixonou por José e queria que ele fosse para a cama com ela, veja:

Gênesis 39:7

“E aconteceu depois destas coisas que a mulher do seu senhor pôs os olhos em José, e lhe disse: Deita-te comigo.”

Ela assediava José constantemente, mas José se recusava, veja:

Gênesis 39:10

“Entretanto, ela instava com José dia após dia; ele, porém, não lhe dava ouvidos, para se deitar com ela, ou estar com ela.”

Quando ela viu que José não iria para a cama satisfazê-la, armou um escândalo para que todos imaginassem que José havia tentado possuí-la à força, tendo deixando com ela a sua capa, veja no relato de Gênesis 39:11-23.
No Capítulo 40 de Gênesis do versículo 1 a 23, continua a história de José na prisão. O Rei manda tirar José da prisão, conta-lhe sonhos que José interpreta. José é constituído Governador sobre o Egito, acima da autoridade de José estava somente o Rei.
José se casa e nasce filhos, leia no capítulo 41.
Depois há realmente uma grande fome no mundo de então e a família de José (seus irmãos) aparecem no Egito e José os reconhece. José, manda que seus irmãos tragam seu irmão mais novo. Benjamim, vai ao Egito e Jacó diz que se algo acontecer a Benjamim, tal qual a José ele morrerá de desgosto e tristeza, mas acaba deixando que Benjamim vá ao Egito com os seus meio irmãos, lei no capítulo 42.
A história continua no Capítulo 43, 44.

No capítulo a seguir, José se revela a seus irmãos e chora copiosamente. No final do Capítulo seu pai se alegra muito e deseja vê-lo antes que morra, veja no capítulo 45.

No capítulo 46, Jacó desce para o Egito e Deus lhe fala para não temer. José ensina a seus irmãos como devem falar ao Faraó, veja no capítulo 46.
José, fala ao Faraó sobre sua família no próximo capítulo e ao final do capítulo, Jacó pede a Jose sob juramento que após sua morte seus ossos sejam levados para Canaã e seja sepultado junto às sepulturas de Isaque e Rebeca, veja, no capítulo 47.
No próximo capítulo José leva seus filhos para o seu pai abençoar, veja no capítulo 48.
No próximo capítulo o pai de José abençoa os seus filhos e morre, leia no capítulo 49.

José, pede ao Faraó que o deixe ir enterrar seu pai no local em que Jacó pediu. No final do capítulo José morre também, aos 110 anos de idade, leia no capítulo 50.
GÊNESIS 50

1 Então José se lançou sobre o rosto de seu pai, chorou sobre ele e o beijou.

2 E José ordenou a seus servos, os médicos, que embalsamassem a seu pai; e os médicos embalsamaram a Israel.

3 Cumpriram-se-lhe quarenta dias, porque assim se cumprem os dias de embalsamação; e os egípcios o choraram setenta dias.

4 Passados, pois, os dias de seu choro, disse José à casa de Faraó: Se
agora tenho achado graça aos vossos olhos, rogo-vos que faleis aos ouvidos de Faraó, dizendo:

5 Meu pai me fez jurar, dizendo: Eis que eu morro; em meu sepulcro, que cavei para mim na terra de Canaã, ali me sepultarás. Agora, pois, deixa-me subir, peço-te, e sepultar meu pai; então voltarei.

6 Respondeu Faraó: Sobe, e sepulta teu pai, como ele te fez jurar.

7 Subiu, pois, José para sepultar a seu pai; e com ele subiram todos os servos de Faraó, os anciãos da sua casa, e todos os anciãos da terra do Egito,
8 como também toda a casa de José, e seus irmãos, e a casa de seu pai; somente deixaram na terra de Gósen os seus pequeninos, os seus rebanhos e o seu gado.

9 E subiram com ele tanto carros como gente a cavalo; de modo que o concurso foi mui grande.

10 Chegando eles à eira de Atade, que está além do Jordão, fizeram ali um grande e forte pranto; assim fez José por seu pai um grande pranto por sete dias.

11 Os moradores da terra, os cananeus, vendo o pranto na eira de Atade, disseram: Grande pranto é este dos egípcios; pelo que o lugar foi chamado Abel-Mizraim, o qual está além do Jordão.

12 Assim os filhos de Jacó lhe fizeram como ele lhes ordenara;
13 pois o levaram para a terra de Canaã, e o sepultaram na cova do campo de Macpela, que Abraão tinha comprado com o campo, como propriedade de sepultura, a Efrom, o heteu, em frente de Manre.
14 Depois de haver sepultado seu pai, José voltou para o Egito, ele, seus irmãos, e todos os que com ele haviam subido para sepultar seu pai.

15 Vendo os irmãos de José que seu pai estava morto, disseram:
Porventura José nos odiará e nos retribuirá todo o mal que lhe fizemos.

16 Então mandaram dizer a José: Teu pai, antes da sua morte, nos ordenou:

17 Assim direis a José: Perdoa a transgressão de teus irmãos, e o seu pecado, porque te fizeram mal. Agora, pois, rogamos-te que perdoes a transgressão dos servos do Deus de teu pai. E José chorou quando eles lhe falavam.

18 Depois vieram também seus irmãos, prostraram-se diante dele e disseram: Eis que nós somos teus servos.

19 Respondeu-lhes José: Não temais; acaso estou eu em lugar de Deus?

20 Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; Deus, porém, o intentou para o bem, para fazer o que se vê neste dia, isto é, conservar muita gente com vida.

21 Agora, pois, não temais; eu vos sustentarei, a vós e a vossos filhinhos. Assim ele os consolou, e lhes falou ao coração.

22 José, pois, habitou no Egito, ele e a casa de seu pai; e viveu cento e dez anos.

23 E viu José os filhos de Efraim, da terceira geração; também os filhos de Maquir, filho de Manassés, nasceram sobre os joelhos de José.
24 Depois disse José a seus irmãos: Eu morro; mas Deus certamente vos visitará, e vos fará subir desta terra para a terra que jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó.

25 E José fez jurar os filhos de Israel, dizendo: Certamente Deus vos visitará, e fareis transportar daqui os meus ossos.

26 Assim morreu José, tendo cento e dez anos de idade; e o embalsamaram e o puseram num caixão no Egito.

Esta é a biografia de José, uma das maiores dentre os personagens da Bíblia.

Augusto Bello de Souza Filho
Bel. Em Teologia – Brasília (DF)
(Textos da versão de João Ferreira de Almeida Atualizada)

Cinco provas de Tomás de Aquino sobre a existência de Deus

CINCO PROVAS DE AQUINO SOBRE A EXISTÊNCIA DE DEUS

1ª A movimentação das coisas que existem no mundo.

2ª A conservação ou a dependência de todas as coisas. Se jogarmos alguma coisa estaremos provocando uma movimentação. Todas as coisas dependem umas das outras ou se relacionam entre si. Existe uma hierarquia. Deve existir uma primeira causa. Deve existir uma suprema causa.

3ª Surgimento e desaparecimento das coisas. As coisas existem ou não existem. Hipótese de tempo. Tudo o que é perecível perece. Nada pode chegar a existir do nada.

4ª Existem graus de bondade e perfeição. Existe uma suma perfeição. Moralidade e bondade são atributos de Deus.

5ª Cooperação de coisas materiais. Ordem cósmica. Coisas não inteligentes não podem cooperar, por isso deve existir um autor que faz com que tudo funcione no mundo apesar das diferenças.

Pastores em perigo

PASTORES EM PERIGO

O escritor Jaime Kemp escreveu um livro que intitulou de Pastores em Perigo e foi fruto de sua experiência por longos anos. Foi fundador do Grupo “Vencedores por Cristo”, em 1968 e como líder deste grupo teve a oportunidade de, em suas inúmeras viagens por todo o Brasil, de norte a sul, hospedar-se em casa de pastores e com eles manter quase que um contínuo convívio.
Kemp, esteve também no exterior, visitando Portugal, a África e os Estados Unidos. Sendo atualmente o Diretor do “Ministério Lar Cristão”, e como tal, tem estado em diversos lugares do Brasil ministrando cursos para à família em geral. Do contato com pastores e com suas famílias, Kemp conheceu de perto todos os problemas que afligem não somente os pastores, mas suas esposas, e seus filhos. Viu pastores sérios e bem intencionados mas que, por desconhecimento ou por desobediência, quebravam princípios bíblicos e estavam na eminência de receberem dividendos vergonhosos. Viu de perto pastores lutando para realizarem-se, e neste processo, estavam esquecendo e negligenciando suas esposas e seus filhos. Viu pastores possuídos de atitudes dominadoras. Viu pastores com prioridades invertidas, muitos sendo tentados e caindo, deixando as esposas e os filhos amargurados. Viu igrejas divididas e totalmente desacreditadas. E a pergunta que muitas vezes fez a si mesmo foi: – como ficavam bairros e cidades inteiras diante do fracasso de um pastor? qual o valor que sua comunidade lhe atribuiria após a queda? Sentiu então o desejo e orientação de Deus, no sentido de escrever um livro que abordasse todas as questões que envolvem o dia a dia do obreiro, com a intenção de ajudá-los na solução dos seus problemas, espirituais, materiais, e de relacionamento, principalmente com as suas famílias e com a família de Deus.
Tem recebido semanalmente cartas, que segundo ele, cortam o coração de quem as lê. Algumas são de esposas de pastores pedindo socorro para a suas vidas, e para a vida de suas famílias. Outras são tristes e dão a convicção da necessidade dele escrever este livro.
Este livro não é negativo ou pessimista, muito pelo contrário é um livro realista e como tal uma ajuda preciosa para todos os pastores e líderes eclesiásticos.
Apesar de todo este embasamento, Kemp afirma que não se coloca na posição de “dono da verdade”, mas sim com temor e tremor diante de Deus e prefere tratar sua obra como uma conversa com seus colegas entre lutas e experiências, nas quais deseja fazer-se presente.
Afirma, que muito tem recebido dos pastores, e gostaria de retribuir-lhes com a sua participação, para que juntos pudessem encorajarem-se, e usando as palavras do apóstolo Paulo, trabalharem “…com vistas ao aperfeiçoamento dos santos, para o desempenho do serviço, para edificação do Corpo de Cristo!” (Ef. 4:12).
O livro é então uma exortação a uma vida de santificação, e de boas relações com os familiares, com a Igreja e com o próximo.
Seguindo esta corrente de pensamentos, Kemp trata de questões que parecem simples à primeira vista, mas que na verdade tem raízes profundas, determinando o temperamento e o comportamento de pastores e obreiros. Assim, uma boa “agenda” ajudará a manutenção de todas atividades pastorais sobre efetivo controle. Segundo Kemp: -“somos envolvidos pela tirania do urgente”, e com isso acabamos confundindo as coisas, colocando o urgente no lugar do que é mais importante. “As prioridades de Deus não são barulhentas, não exigem um atendimento imediato. Elas aguardam calma e pacientemente que compreendamos seu valor. Infelizmente, muitos pastores não equacionam suas próprias vidas, não identificando as prioridades de Deus. Outros, chegam a identificá-las, mas não as valorizam e nem praticam. A crise da tirania do urgente ataca o lar do pastor e seu relacionamento com sua esposa e filhos. Considero as esposas de pastores como as pessoas mais sacrificadas da igreja evangélica e, seus filhos, os mais incompreendidos”. A partir deste ponto o autor relata algumas experiências de esposas de pastores, entre elas a de uma irmã que afirmou que o seu marido gastava todo o seu tempo com a igreja e seus afazeres, não tendo tempo para disciplinar seus filhos, tendo delegado a ela essa total responsabilidade. Outras se queixam de que seus maridos não vivem o que pregam em seus púlpitos. Ainda outros, confessa uma esposa – “não tem autoridade para pregar e ensinar na igreja, porque, embora ninguém saiba, ele é um péssimo esposo e pai”. Dentro desta cosmovisão menciona quatro sintomas de uma vida familiar corrida e fora de controle, muito comum hoje em dia:
“Em primeiro lugar, vivemos em uma sociedade imediatista e impulsiva. Estamos acostumados a obter o que queremos, e de imediato. Somos levados a gastar muito de nosso tempo em outras atividades egoístas e descompromissadas.
Em segundo lugar, o pastor, marido e pai – e a esposa e mãe (que cada vez mais está trabalhando fora, às vezes forçada pelas circunstâncias, outras vezes pelo salário de seu esposo), são pressionadas a produzir sempre mais e a permanecer várias horas longe de casa. Com isso, as crianças são as maiores sacrificadas, pois estão sendo entregues a babás, creches e hotéis de bebês. Após um dia exaustivo de trânsito terrível nos grandes centros, os pais retornam à casa tão cansados e desmotivados que não tem o menor ânimo para desenvolver um relacionamento significativo com seus filhos.
Em terceiro lugar, a mídia explora a já agitada família, roubando assim o tempo que os cansados papai e mamãe poderiam ter com seus filhos.
As novelas bombardeiam os relacionamentos e valores familiares, transformando a ideia do divórcio em algo tão natural quanto a uma simples troca de roupa. Os filmes enlatados, por sua vez, comunicam que a vida consiste em riquezas, fama, beleza e inconformismo.
A divulgação constante de propaganda consumistas cria um clima de insatisfação ao transmitir um desejo obsessivo de possuir coisas, as quais muitas vezes não necessitamos realmente e que em nada contribuem para uma harmonia maior e melhor no relacionamento familiar. Isso, não mencionando que, às vezes, as adquirimos sem termos as necessárias condições financeiras.
Há uma constante onda de debates, em formato jornalístico inundando a família, indicando o que está acontecendo, com raríssimos porquês. Na verdade, não oferecem soluções práticas, ocasionando assim, mais desespero e desesperança.
Em quarto lugar, …parece que em nossa cultura cristã consideramos como sinal de maior espiritualidade o número excessivo de compromissos. Férias sempre vencidas, doze a quinze horas de trabalho diário, aparentam importância. Mas o prejuízo causado a família é imensurável.”
Apesar de todos estes sintomas ainda existe esperança segundo Kemp, basta alterar a qualidade de vida familiar do pastor. Melhorar o relacionamento com o seu cônjuge e desenvolver uma amizade verdadeira com os filhos. Contudo há um preço a ser pago e este preço é a disposição para mudar o estilo de vida que se tem levado até então. É preciso reavaliar a agenda; é preciso ter como prioridade a família.
Com base nesses fatos Kemp menciona algumas prioridades que devem nortear a vida familiar do pastor.
A primeira é dar-se a si mesmo antes de doar presentes aos filhos e a esposa. Um exemplo deste fato se verificou quando uma esposa se queixou para seu marido, afirmando que ele não a amava mais, embora ela tivesse muitos bens, jóias, carro do ano, casacos de pele caríssimos, a melhor casa da cidade e um negócio próspero. Todas estas coisas juntas, não supria a ausência de seu esposo que buscava a realização do patrimônio da família, sua realização pessoal, colocando sempre seus afazeres em primeiro lugar. Sua esposa e filhos estavam ficando em segundo plano. Uma boa orientação bíblica está em II Cor 8:5, onde o Apóstolo Paulo elogia os irmãos da Macedônia por terem dado a si mesmos à Cristo, antes de ofertarem para a obra. Aquele esposo ouviu a sua esposa dizer: “- querido, eu não quero as coisas que você me dá… quero você!!”. Muitas vezes esquecemos de dar a nós mesmos, esquecemos de direcionar todo o nosso carinho e todo o nosso amor para nossas esposas e para nossos filhos, colocando as coisas materiais em primeiro lugar.
Em segundo lugar, Kemp aborda que muitas vezes na ânsia de ver a igreja crescer; antes de ver a construção do templo concluída, antes de nos realizarmos ministerialmente, devemos nos realizar como bom pai e bom esposo. Escrevendo à Timóteo e a Tito, (I Tim 3:4-5 e Tito: 1:6), o apóstolo Paulo assegura que a ascensão não pode considerada um sucesso quando o preço pago é o de um lar em frangalhos. E, aí o autor conclui afirmando que: “- muitas pessoas se casam com a profissão; pastores e líderes com o ministério. Esquecem suas famílias e acabam cometendo um certo tipo de adultério”. Deste modo o lar deve vir antes de qualquer outra atividade, até mesmo antes das atividades da igreja.

Augusto Bello de Souza Filho
Bel. Em Teologia

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