O desafio do conteúdo

Autor: Guto Bello

“Que Cristo habite pela fé nos vossos corações, a fim de que, estando arraigados e fundados em amor, possais compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios até a inteira plenitude de Deus.” Efésios 3:17-19
Há uma crise que acompanha a humanidade, suas organizações, igrejas e cada indivíduo. É a crise do conteúdo. Hoje em dia, o design de embalagens conta muito, na hora de vender um produto. Capricha-se na forma, usam-se cores adequadas ao produto, e depois de uma boa estratégia de marketing, uma propaganda bem elaborada, quase qualquer coisa vende bem. Quando o conteúdo do produto é bom, tudo que se faz para promovê-lo é bom. O problema é quando o conteúdo, o interior, não está à altura da forma, do exterior. Este é o caso de políticos corruptos que se elegem; de filmes péssimos, mas vistos por multidões; é aquela revista com uma capa maravilhosa, mas quando lemos, verificamos que não era tão boa quanto imaginávamos. E por aí vai. Se o conteúdo não é bom, mais cedo ou mais tarde, as pessoas percebem o engano.
A igreja não vende nada. A mensagem que pregamos fala da transformação pelo poder do Espírito Santo, fruto da confissão de Jesus Cristo como nosso Salvador. Mais do que qualquer empresário, político ou artista, nós temos que ter conteúdo à altura do que pregamos. O que somos de fato é o que interessa, não simplesmente o que fazemos, falamos ou temos.
Já foi o tempo em que músicos e cantores, logo após conduzirem os louvores de suas igrejas, saíam do ambiente de culto para conversar com os amigos, enquanto os seus pastores pregavam. Já foi o tempo em que pastores chegavam às reuniões, logo após o noticiário da TV, e pregavam como se a mensagem fosse a única coisa importante num culto. Já foi o tempo em que oração era tarefa só de um pequeno grupo de irmãos e o evangelismo, tarefa só de pastores e de uns poucos obreiros evangelistas. Já foi o tempo em que adoração era coisa para o “grupo de louvor”. Já foi o tempo em que santidade era atributo de alguns poucos. As aparências não convencem mais a ninguém que busque o Senhor com sinceridade em seu coração. Se Jesus Cristo não vivesse o que pregava, nós não estaríamos falando a Seu respeito. Sem conteúdo, sem integridade, nossos ministérios, todo o serviço e culto que prestamos a Deus são infrutíferos.
Qual tem sido o seu conteúdo? Que exemplo você é para os que estão ao seu redor? Você vive aquilo em que diz acreditar? Tenho feito esta pergunta a mim mesmo, todos os dias. Muitas vezes, a resposta tem sido não. Mas, na vida com Deus, no tratamento da nossa alma, a escala não é de tudo ou nada. A salvação é um milagre que depende de uma decisão por Cristo. Ou você é ou não é salvo. Quanto ao conteúdo, precisamos melhorá-lo a cada dia. Ou lutamos por melhoras, pelo crescimento do homem interior, ou certamente caminharemos em sentido contrário. É por isso que, em Ap. 22:11, encontramos: “Quem é injusto, faça injustiça ainda: e quem está sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, santifique-se ainda.” Estamos num caminho onde não se pode parar, onde a estagnação já é um regresso. Minha oração tem sido essa: “Senhor, ainda estou longe do que Tu esperas de mim, mas eu quero prosseguir. Tem misericórdia de mim. Que Tua alegria seja, de fato, a minha força.”
Eu sonho, almejo, desejo, de todo o meu coração, ser cheio até a inteira plenitude de Deus, como fala Paulo em Ef. 3:19. Este deve ser o nosso conteúdo: a plenitude de Deus. Quanto mais formos cheios dEle, então pregar, liderar o louvor, dirigir um ministério, tudo que fizermos dará mais frutos, pois Ele, agindo em nós, é quem, na verdade, estará fazendo.