FORMAÇÃO DO CÂNON DO NOVO TESTAMENTO

Da mesma forma que a apostolicidade é provada, também é provada a canonicidade dos livros do Novo Testamento, tal como se prova a autoria dos renomados escritores mundiais cujas obras trazem seus nomes.
A consciência cristã, dominada pelo Espírito, discerniu entre o puro e o impuro. Cumpre ressaltar que tal realização não se deve nem a própria Igreja, mas que ela aconteceu obedecendo os mesmos processos da canonização do Velho Testamento. Isto é, cada livro foi se impondo e falando por si mesmo com suas provas internas e externas até que em determinado tempo foi reconhecido pelas autoridades eclesiásticas e pelos Pais da Igreja como possuindo autoridade apostólica, não havendo a intervenção de Concílios.
Os livros apareceram primeiramente separados, em épocas e localidades diferentes. Foram guardados com carinho pelas Igrejas e aceitos como apostólicos. Eram lidos nas assembleias cristãs, em reuniões devocionais, inspirativas e doutrinárias.
Com o tempo foram classificados em grupos a saber:
I – Os Evangelhos
Impuseram-se sobre muitos escritos que falavam sobre Jesus na Igreja primitiva. Foram universalmente reconhecidos pela Igreja pela sua autoridade apostólica. Essa aceitação é comprovada largamente pelos Pais da Igreja que os citam em seus escritos.
II – As Epístolas Paulinas
Nada menos que 13 trazem seu nome, embora ele fosse algumas vezes auxiliado por um escrevente ou amanuense, testemunha da legitimidade de seus escritos (Rm 16:22). Segundo Inácio, Clemente e outros, tais escritos eram aceitos como Escrituras. Pedro os antecede nesse testemunho (II Pe. 3:15-16).
III – Os demais livros
Todos foram aceitos inicialmente como canônicos, com exceção de I Pe e I Jo. Estes dois passaram por uma verdadeira tempestade de revisões e críticas durante quase um século ente os anos 400 e 500. Receberam até o título ou apelido de Deutero-Canônicos. No Final desse período, entretanto, eles ainda se mantinham ilesos motivo pelo qual a Igreja Universal de Cristo os considerou inspirados sem mais nenhuma discussão.
É bom que fique claro, que certos livros do Novo Testamento foram considerados canônicos independentemente de se conhecer quem os escreveu. O exemplo clássico que temos disso é a Carta aos Hebreus. Muitos dos debates que ainda perduram até hoje sobre livros do Novo Testamento, não se ligam a sua canonicidade, mas à sua autoria.
Podemos dizer para finalizar, que todo o Cânon das Escrituras Sagradas foi completamente reunido e reconhecido no quarto século, principalmente por aqueles que estavam debaixo da direção do Espírito. O problema existente com I Pedro e I João não afetou nem de leve os verdadeiro fiéis.

Augusto Bello de Souza Filho
Bel em Teologia