O LUGAR DO DISCIPULADO NA IGREJA

À luz do Novo Testamento, o discipulado deve ocupar lugar de destaque em toda e qualquer comunidade cristã, pelo que devemos nos orientar pelos exemplos deixados pelos Apóstolos e principalmente por Jesus, senão vejamos:
No início de Seu ministério, Jesus chamou doze homens que se constituíram em seguida em seus discípulos. Quer dizer, Jesus estava iniciando um trabalho em que Ele iria “discipular”, “preparar” e “equipar”, para a obra que o próprio Jesus estava anunciando ao mundo que era o estabelecimento de um Reino que jamais teria fim (Dan 2:44; Mat. 4:17). A partir daí Jesus começou a ensinar aos seus discípulos todas as coisas -”Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido…Vós sois a luz do mundo…(Mat. 5:13-14)”, de modo que Jesus se tornou um expositor do evangelho, ensinando em todos os momentos aos seus discípulos, desde assuntos relacionados com a Lei e os Profetas, até o novo mandamento “…Um novo mandamento vos dou: Que vós ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros (João 13:34-35)”. O princípio do discipulado filosófico nos dá a idéia de que o discípulo de hoje será o seu mestre amanhã. De onde se deduz que o verdadeiro discipulado somente se encerra quando o discípulo se torna igual ao seu mestre ou até mesmo poderá ir além do conhecimento e sabedoria daquele que o discipulou. No texto acima, Jesus afirma explicitamente, uma das formas de todos reconhecerem que os seus discípulos eram verdadeiramente seus discípulos, se eles amassem uns aos outros como Ele os havia amado. Ainda exortando a unidade dos discípulos em amor, Jesus orou ao Pai por eles e assim se expressou: ¾ “Para que todos sejam um, como tu, ó Pai o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste (João 17:21). Assim, Jesus dá mais um exemplo da personalidade e caráter que deve envolver o seu discípulo, de modo a parecer-se com Ele, (Jesus, Mestre) à Sua própria semelhança, à semelhança de amor que estava em Jesus. A outra forma de testemunhar para o mundo que Deus enviou Jesus, é que seus discípulos sejam um, como Deus é um em Jesus e Jesus é um em Deus. Diante destes textos verificamos que os discípulos ao apresentarem as características de seu Mestre (Jesus) serão identificados com Ele de tal modo, que levará todos em primeiro lugar a reconhecerem que são discípulos autênticos de Jesus. E, em segundo lugar, a unidade em Cristo fará com que todos acreditem que Deus enviou a Jesus. Logo, quando um discípulo de Jesus deixa de parecer-se com Ele, na verdade, deixa de ser seu discípulo, isto é – não é reconhecido como discípulo de Jesus e em segundo lugar está negando que Deus o enviou.
O amor de Deus manifesto em Cristo Jesus é o princípio fundamental de todo o Novo Testamento e das Boas Novas do Evangelho (João 3:16). Todo o discipulado é primordial para a vida da Igreja de Cristo, assim precisamos fazer com que os neófitos, cresçam e a cada dia se pareçam mais e mais com Cristo que é o nosso Mestre, nosso Senhor e nosso Salvador.
Todos os seguimentos da igreja devem estar preocupados em criar condições favoráveis para o discipulado, de modo que o ensino da Palavra se torne uma prática constante, tanto na Escola Bíblica Dominical, como na pregação da Palavra, nas visitas aos lares, etc. De modo geral a igreja de Cristo deve buscar o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo (Ef. 4:12). — “Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Ef.4:13).
À medida que uma pessoa está sendo discipulada, ela também está sendo doutrinada à luz dos conceitos teológicos daquele que a discípula. Assim, os primeiros convertidos a fé cristã relatados no Novo Testamento, perseveravam na doutrina dos apóstolos (Atos 2:42). O apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo diz: — “Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, caridade, paciência…” (II Tim. 3:10). O ensino doutrinário está inserido no próprio contexto do discipulado.
Equipar o discípulo é dar-lhe condições de bem desempenhar o seu papel. É ensinar-lhe, a aprender fazer, fazendo. E, Jesus aplicou muito bem este tipo de didática, enviando os doze para a missão de pregar o evangelho às ovelhas perdidas da casa de Israel, anunciando que era chegado o reino dos céus. Jesus os equipou, dando-lhes poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem, e para curarem toda a enfermidade e todo o mal. (Mat. 10:1). — “Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós” (Mat. 10:20).
Discipular, doutrinar e equipar, devem ser atividades constantes no corpo de Cristo.

Augusto Bello de Souza Filho
Bel em Teologia