RAÍZES E DESENVOLVIMENTO DO ECUMENISMO

Origem

O Ecumenismo nasceu com a preocupação dos cristãos com aquilo que separava as denominações. Mesmo durante a reforma houve quem se preocupasse em unir os diversos grupos. Lembremo-nos por exemplo de Colóquio de Marburgo, entre Lutero e Zuínglio. Durante os séculos essas tentativas prosseguiram, mesmo tendo pouco resultado. Porém no século XIX, e depois do século XX, é que o impulso do Ecumenismo adquiriu novas forças.

Implantação do Ecumenismo

Os presbiterianos, metodistas, batistas e episcopais nos Estados Unidos viviam sempre em contato e outras questões mais urgentes sobrepujavam as divisões. Diante da aliança oposta dos escravagistas, diversas denominações se aliavam. Houve muitas questões em que as várias denominações se uniram em prol da mesma causa. Porém o que deu verdadeiro ímpeto a este movimento foi o movimento missionário. Foram criadas várias sociedades na Europa e nos Estados Unidos com o objetivo de alcançar as nações para Cristo. E elas eram compostas de diversas denominações. O precursor do Ecumenismo foi Carey. Desde o início do século XIX este missionário tinha sonhado com uma conferência missionária internacional, que haveria de se reunir na cidade do Cabo, no extremo sul da África, em 1810. A idéia de Carey não foi aceita e o seu sonho ficaria suspenso por mais de cem anos.
Em muitos países onde trabalhavam missionários, houve várias reuniões onde se projetou tradução da Bíblia, repartiram experiências e frustrações e se planejaram alvos em conjunto.
Na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos houve uma série de conferências missionárias: Em Nova Iorque e em Londres em 1854, em Liverpool em 1860, de novo em Londres em 1878 e 1888, e por fim em Nova Iorque em 1900, onde foi chamada Conferência Missionária. Gradativamente o termo “ecumênico” foi sendo usado para se referir ao movimento de colaboração e unidade entre os cristãos.
Em 1910, reuniu-se em Edimburgo, na Escócia, a Conferência Mundial Missionária. Diferente das outras conferências anteriores, esta seria construída por representantes oficiais das sociedades missionárias, sendo que cada uma nomearia um determinado número de delegados em proporção à sua participação no empreendimento missionário total. Decidiu-se que a conferência trataria unicamente das missões entre os não-cristãos, e que a América Latina seria excluída. Porém essa assembléia marca o começo do movimento ecumênico contemporâneo. O êxito da conferência abriu o caminho para outras reuniões semelhantes, umas sobre missões e outras sobre outros assuntos.
A conferência nomeou uma comissão de Continuação, da qual surgiram outros estudos, e conferências e mais tarde no século XX, o Conselho Missionário Internacional.
John R. Mott foi o grande propulsor e estadista do movimento ecumênico. Ele foi produto do despertamento religiosos evangélico nos Estados Unidos, onde havia participado ativamente do movimento estudantil cristão.
Tendo em vista a América Latina ter sido excluída dos resultados dessa conferência, houve um impacto nas principais agências que se ocupavam dessas missões. Eles sentiram a necessidade de se reunirem para discutir assuntos de sua incumbência. E três anos mais tarde ficou organizado o Comitê de Cooperação na América Latina. Em 1916, depois de uma série de estudos preliminares, onde no Panamá houve um Congresso sobre a Obra Cristã na América Latina, reunindo assim pela primeira vez os evangélicos de todo o continente.
Os cristãos sentiram-se chamados a reunirem-se para discutir os problemas das relações entre as diversas denominações e também para procurar resolver os conflitos internacionais.

Augusto Bello de Souza Filho
Bacharel em Teologia