O conceito de ressurreição não é novo. São várias as religiões que falam de deuses que morrem e voltam à vida. Os egípcios foram os primeiros a falar em ressurreição. Sua mitologia aponta a presença da ressurreição no relato do Deus Osíris, filho de Geb (Terra) e Nut (céu), este foi morto pela divindade Set e teve seu corpo dividido em várias partes pelo mundo. A deusa Ísis é aquela que encontra suas partes e o faz retornar à vida. Já nas religiões nórdicas temos a figura de Odin. Este se sacrifica na árvore sagrada Yggdrasil em busca de iluminação, espetado por sua própria lança. Segundo a mitologia nórdica, nove dias e nove noites ele volta à vida. O conceito de ressurreição está presente não só em deuses, mas até em animais. A fénix, por exemplo, era o pássaro, que migrou da mitologia egípcia para várias outras, fala-se que esta morria em combustão espontânea e que voltava a vida de suas cinzas. Os gregos de modo geral não acreditavam na ressurreição. Para estes, imortal mesmo era a alma. Que partindo de uma filosofia platônica, estava presa ao corpo. Por esta razão Paulo afirma que a ressurreição para os gregos era “loucura”

No antigo testamento encontramos sinais contundentes deste conceito. II Reis 13: 21 Fala de como o cadáver de um homem toca os ossos do profeta Eliseu ao ser jogado em sua cova e volta à vida. “Tanto que ele tocou os ossos de Eliseu, reviveu e se levantou sob seus pés”. Excetuando-se os saduceus que diferente dos fariseus, não acreditavam na imortalidade da alma, ressurreição, juízo final, ou até na existência de anjos ou espíritos. (Atos 23:6-8) O conceito de ressurreição permeia todo o novo testamento. Sem ele a nova aliança é esvaziada de sentido. O apóstolo Paulo em palavras icônicas afirma: Se Cristo não ressuscitou vã é nossa fé. (I co 15:17) O nosso credo apostólico que é nossa mais antiga confissão de fé, formulado por nossos mais antigos teólogos, já preconizava nos primeiros anos do cristianismo que Cristo “Foi crucificado, morto e sepultado; E ao terceiro dia, ressurgiu dos mortos”

Mais tarde teremos o embate da teologia liberal, que influenciada pelo racionalismo tentou esvaziar o cristianismo daquilo que ela considerava ser “linguagem mitológica”, rebatendo dentre tantas coisas o conceito de ressurreição. A teologia liberal morreu no tempo junto com sua ignóbil luta contra a ressurreição. Jesus era mais que um grande mestre. Jesus não era um “cara legal” você não crucifica caras legais, crucifica ameaças. Cristo ressuscitou! Nem toda catarse e psicose coletiva do mundo faria tantas pessoas morrerem por uma mentira.

A ressurreição, portanto, é reacionária. Ela milita e compete contras todas as expectativas do limbo mortal do esquecimento.
A ressurreição é o protesto contra a morte e todos seus agentes detentores. É tudo aquilo que se pode chamar de esperança. A partir da ressurreição de Cristo, luz e cores foram trazidas à vida monocromática em que vivíamos. A partir de um túmulo simples e de uma cruz romana como tantas outras, a vida irrompeu naquele domingo pela manhã, dando basta ao império da morte. Dizendo-nos que a esperança foi personificada em uma pessoa e que o túmulo não é mais o final da estrada. A ressurreição é o grito do cosmos e a ressignificação das tragédias existenciais. De que é possível superar a mais atroz das dores, de ser ouvido do mais profundo abismo.

Falar de ressurreição implica falar da vitória da vida sobre a morte. Implica do amor que supera o medo e da esperança que supera a dor. De que o túmulo finalmente foi vencido na manhã daquele domingo. E a partir dele o túmulo pode ser vencido todos os dias. Viva a ressurreição. Viva o Cristo ressurreto. Não mais buscamos dentre os mortos aquele que vive e que faz com que passemos da morte para a vida.

Pr. Valdinei Santana