Esclarecimentos sobre Dízimo

Muitos cidadãos não se aproximam das igrejas Cristãs por causa da cobrança dos dízimos. A grande maioria dos brasileiros acha uma insensatez dar 10% dos seus rendimentos para o sustento da Igreja e, em parte, eles têm razão. Nós, cristãos brasileiros, ainda cometemos alguns equívocos na hora de interpretar a forma de recolher e de utilizar os dízimos. Talvez, o principal equívoco esteja na interpretação da expressão consagrar a Deus, que, na verdade, significa dedicar a Deus.

Para entender a origem dos nossos equívocos observe a explicação a seguir: _Se desejássemos pesquisar sobre como proceder corretamente com relação aos dízimos, em que parte da Bíblia deveríamos procurar?… Parece que o mais natural é procurarmos na parte onde este mandamento foi instituído. Nesse local esse assunto deve estar sendo tratado de forma bem detalhada. Nas demais partes da Bíblia, onde este assunto foi novamente comentado, o mais natural é que ocorram apenas exortações sem explicações detalhadas. Portanto, os livros do Pentateuco (Gênesis a Deuteronômio) são os mais indicados para conter, em detalhes, as ordenanças de Deus a respeito deste assunto. Os profetas Malaquias, Amós, Neemias, Samuel e até mesmo Jesus Cristo não deram explicações detalhadas sobre os dízimos porque se tratava de uma prática já estabelecida e do conhecimento de todos. Na verdade, os profetas que vieram depois de Moisés fizeram apenas exortações sobre este assunto, para que o povo não esquecesse das suas obrigações. Os detalhes, sobre o que fazer e como fazer, foram relatados nos livros de Levíticos, Números e Deuteronômio.

Analise o texto abaixo (Deuteronômio cap. 14, Vers. 22 a 29) para facilitar a compreensão deste assunto:

“22 Certamente darás os dízimos de todo o produto da tua semente que cada ano se recolher do campo. 23 E, perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus por todos os dias. 24 Mas se o caminho te for tão comprido que não possas levar os dízimos, por estar longe de ti o lugar que Senhor teu Deus escolher para ali por o seu nome, quando o Senhor teu Deus te tiver abençoado; 25 então vende-os, ata o dinheiro na tua mão e vai ao lugar que o Senhor teu Deus escolher. 26 E aquele dinheiro darás por tudo o que desejares, por bois, por ovelhas, por vinho, por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; comerás ali perante o Senhor teu Deus, e te regozijarás, tu e a tua casa. 27 Mas não desampararás o levita que está dentro das tuas portas, pois não tem parte nem herança contigo. 28 Ao fim de cada terceiro ano levarás todos os dízimos da tua colheita do mesmo ano, e os depositarás dentro das tuas portas. 29 Então virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), o peregrino, o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que o Senhor teu Deus te abençoe em toda obra que as tuas mãos fizerem.”

Neste texto fica claro que os dízimos não são um fardo, e sim uma benção a ser praticada e compartilhada entre todos. Deus nunca ordenou que se entregasse os 10% de dízimos nas mãos dos líderes religiosos para que eles fizessem o que bem entendessem. O que está escrito é que devemos separar 10% dos nossos rendimentos e consagrá-los a Deus (dedicá-los a Deus). Esta consagração foi explicada da seguinte maneira:

1 – A princípio os dízimos são para consumo dos próprios “dizimistas” (pessoas que dão os dízimos), e devem ser “consumidos” (utilizados) na presença de Deus e em nome de Deus, isto é, em ambiente cristão para que ninguém se esqueça de que é uma dádiva divina e que deve ser motivo de muita alegria e não de tristeza.

2 – Uma vez a cada três vezes devemos entregar “todos os dízimos” (dízimos de todos os rendimentos, caso se tenha mais de um) para o sustento dos levitas e sacerdotes, isto é, para o sustento dos obreiros, pastores, padres, bispos e demais trabalhadores da casa de Deus. Nos dias de hoje, com a prática dos salários mensais e não colheitas anuais como ocorria antigamente, podemos considerar um mês a cada três, ou um terço dos 10% todos os meses.

3 – Por pertencerem a Deus, uma parte dos dízimos deve ser utilizado, pelo próprio dizimista, para ajudar o órfão, a viúva e o necessitado. É importante que esta ajuda seja feita em nome de Deus, isto é, o ajudado deve saber que Deus é que o está abençoando por intermédio do respectivo dizimista.

Portanto, os 10% de dízimo pertencem a Deus, mas Ele quer que nós mesmos o administremos não para vergonha, mas para o engrandecimento do Reino de Deus. Neste caso, apenas um terço dos 10% deve ser entregue aos líderes religiosos. O restante deve ser utilizado conforme o nosso coração desejar desde que o façamos para nossa alegria e para honra de Deus. É bom lembrarmos, também, que muito dinheiro nas mãos de líderes religiosos acaba estimulando o desperdício e o surgimento de falsos pastores e falsos profetas.

Se praticarmos este ensinamento, de forma correta, festejando com a família, amparando os necessitados e sustentando a Igreja com a parte que lhe cabe, o número de dizimistas vai quadruplicar e a velha rejeição às igrejas protestantes vai desaparecer. A verdade, ainda que complexa, deve ser esclarecida e praticada sempre e sempre, só ela produz resultados realmente positivos e engrandece a sociedade e o Reino de Deus.

Cristãos, as afirmações feitas aqui são para análise e meditação, a intenção é ajudar a esclarecer (tornar claro, iluminar) jamais confundir. Cordialmente:

Valvim M Dutra
Autor do Livro Acorda Brasil