O QUE É A FILOSOFIA?

Há muita controvérsia entre os próprios filósofos quanto a definição da filosofia. Alguns argumentam que a filosofia é a “rainha das ciências”, ou a ciência mais geral e universal com relação a ciências como biologia, física etc. Outros argumentam que a filosofia nos informa acerca da composição do universo, outros filósofos argumentam contrariamente a qualquer idéia de pesquisa nesse sentido. Que a filosofia é uma atividade racional, com base em argumentos e na crítica das evidências. A solução seria pedir ajuda a alguém fora da filosofia, como por exemplo: um historiador de idéias que observasse as características comuns aos filósofos como forma de estabelecer-se uma definição mais coerente para a filosofia. Ainda assim este historiador de idéias poderia ser filosoficamente astuto, o suficiente para manifestar-se tendenciosamente sobre a questão.
Ao observarmos o significado da palavra “filosofia”, vemos que é derivada de dois vocábulos gregos que tem o sentido de “amando a sabedoria”. Este era o conceito que havia na mente dos antigos, logo o papel primário da filosofia é moral, virtuoso e ético.
A melhor definição de filosofia poderá ser dada pelos próprios filósofos, ainda que seja divergente e em parte incoerente, até porque um dos próprios papeis do filósofo é descobrir as verdades acerca da filosofia.
A filosofia analítica por exemplo tem como preocupação central o estudo analítico dos conceitos. Logo, a filosofia analítica deve ter como meta definir os termos filosóficos e científicos, e esclarecer a linguagem das idéias.
O filósofo analista difere em muito do cientista, porque o cientista explica sistematicamente o mundo em que vivemos, através da observação e da experimentação. O filósofo analítico examina as pressuposições e conceitos básicos que são empregados pelo cientista, pelo moralista e pelo teólogo.
Existem muitos questionamentos quanto aos objetivos da filosofia analítica sob diversas alegações, dentre elas a de que ela enfatiza demais as questões do significado e deixa de enfatizar as questões da verdade. Outra é a de que o princípio da verificação, que é um conceito chave da filosofia analítica, não é um teste fidedigno, nem do significado nem da relevância.
A filosofia especulativa por sua vez está preocupada com a sintetização dos resultados da pesquisa dos conceitos, com o fito de formar um conceito compreensivo e integrado da realidade. Logo, a filosofia especulativa vai muito mais além da filosofia analítica, porque não se preocupa tão somente de como é o mundo ou de como os homens agem, mas de como o mundo deveria ser e de como os homens deveriam agir.
As duas correntes filosóficas não são opostas, mas enquanto uma se preocupa com os conceitos, a outra se preocupa não só com os conceitos mas sugere especulações. A filosofia analítica deve preceder a filosofia especulativa, porque somente entendendo os conceitos é que pode-se formular os princípios fundamentais do conhecimento, da ação e do destino.
A filosofia especulativa tem sofrido ataques severos e consistentes, em face dos seus questionamentos especulativos, do tipo: “qual o rumo que a economia brasileira tomará no governo de FHC?”.
Outros argumentam de que é impossível para o filósofo integrar todo o conhecimento e todos os valores, o que exigiria uma mente onisciente e infalível. E ainda, de que a filosofia especulativa é contraditória e inconsistente, cujas perguntas não poderão ser respondidas com base na experiência do homem.
Os escritores e filósofos cristãos Norman L. Geisler e Paul D. Feinberg, autores da obra INTRODUÇÃO A FILOSOFIA – Uma Perspectiva Cristã, definiram que a filosofia “é a análise crítica dos conceitos fundamentais da pesquisa humana, a discussão normativa de como o pensamento e a ação humanos devem funcionar, e a descrição da natureza da realidade”, é bastante sugestiva e coerente com os próprios relatos apresentados pelo próprio autor.
A filosofia é importante para auxiliar o teólogo nas respostas aos seus questionamentos analíticos e especulativos. Se por um lado a filosofia é um desafio para a fé cristã, por outro lado será uma contribuição para o crescimento intelectual, moral e para a própria maturidade dessa fé. O cristão deve estar preparado para aprofundar em seus conceitos e seus questionamentos. Sempre nos defrontamos com perguntas difíceis de ser respondidas, no entanto temos que buscar e apresentar as respostas; ora estamos analisando; ora estamos especulando, o que nos leva a conclusão de que a filosofia e a teologia poderão paralelamente se adequarem na vida do cristão.

Augusto Bello de Souza Filho
Bacharel em Teologia