TITO/SÍNTESE

Paulo saúda com afeto a Tito, seu representante apostólico junto às igrejas de Creta; saúda-o como a um “verdadeiro filho, segundo a fé comum”. O apóstolo relaciona seu próprio apostolado com a promoção da “fé dos eleitos de Deus, e o conhecimento da verdade” (1:1-4).
O apóstolo Paulo havia deixado Tito em Creta a fim de reformar uma igreja fraca e corrupta. Escreve esta carta para reafirmar os objetivos que Tito deve promover (1:5). Isto requer a inclusão de diretrizes gerais para o estabelecimento de presbíteros capazes em cada cidade (1:6-9), e para tratar com as influências perniciosas do legalismo judeu e com a mitologização, segundo se encontrava no Talmude e na Midrashim (1:10-16).
Diante de tais problemas, Paulo esboça áreas específicas de responsabilidades morais cristãs que o ministério de Tito deve abranger no que concerne a grupos segundo idades e classes, livres escravos, a fim de cumprirem as obrigações da verdadeira fé (2:10; 3:1, 2). Em duas passagens belíssimas, o apóstolo lembra a Tito aspectos importantes do evangelho. Na primeira (2:11-15) explica a vigência necessária entre a fé salvadora de Deus em Cristo e o comportamento cristão. Na segunda (3:3-7), proporciona-nos humilde testemunho do que Deus fez em sua própria vida, por intermédio de Cristo, e pode fazê-lo também na vida do mais humilde cretense que crer. Insiste na pregação do evangelho e em que se evitem discussões com o legalismo judeu (3:8-11). Paulo termina fazendo dois pedidos (3:12-15).

AUTOR

Não temos certeza quanto ao lugar de onde o apóstolo Paulo escreveu esta carta a Tito. Provavelmente se encontrava na Ásia (Éfeso?) para onde partiu de Roma depois de ter sido posto em liberdade de sua primeira prisão, por volta do ano 63 d.C. Viajando para o leste, deixou Tito em Creta. Envia a carta, provavelmente por mãos de Zenas e Apolo, os quais talvez se achassem a caminho de Alexandria. Ao que parece, a carta foi escrita ao derredor do verão do ano 65 d.C.
Tito é um destacado jovem crente, companheiro de Paulo. Alguns suspeitam que era irmão de Lucas. Em geral é identificado com o Tito de Gálatas 2, crente gentio procedente da igreja de Antioquia (da Síria), que se converteu no caso de prova na controvérsia sobre a circuncisão suscitada na conferência de Jerusalém, cerca do ano 48 d.C. Mais tarde Tito prestou valiosos e notáveis serviços a Paulo ao reconciliar a igreja de Corinto, extraviada pela dissensão. Foi, portanto, muito útil aos crentes cretenses, como dirigente experimentado.

Richard M. Sufferin
Doutor em Filosofia e Letras